quarta-feira, março 26, 2008

Porque os meus sonhos te despenteiam
Porque os meus critérios são sempre subjectivos
Porque os meus passos são maiores que as minhas pernas
Porque tropeças nas minhas contradições
Porque os meus ideais te fazem rir
Porque a minha persistência te irrita
Porque aqueles que acreditam são menos e melhores que tu
Porque nos meus olhos ainda entra o mundo
Porque os teus já estão fechados
Porque não é ao contrário
Porque o utópico és tu
Porque és tu que pensas que se pode (sobre)viver ad eternum
Porque és tu que não imaginas
Porque és tu que deliras e não sabes

terça-feira, março 11, 2008

Perfeito

Não foste um adolescente como os outros, que simplesmente trocou a casa dos pais pela rebeldia e pela inconsequência. A liberdade foi a tua prisão, a tua felicidade, o teu modo de vida. Um dia tiveste coragem e decidiste alimentar quem precisasse com as economias depositadas no banco, queimaste os poucos dólares que te restavam e largaste o carro velho. Saíste, conheceste as melhores e as piores pessoas do mundo, os lugares mais recônditos, os mais belos, os menos e os mais interessantes. Marcaste todos aqueles por que passaste. Não amaste ninguém. Gritaste aos sete ventos que, na vida, o importante não são as relações. Para sermos felizes temos apenas que olhar para aquilo que nos rodeia. Está tudo à nossa frente. O céu, o mar, as montanhas, os rios, os caminhos. Recusaste a gravata, o amor da irmã, a hiper-protecção da mãe, a autoridade do pai. Dispensaste as namoradas, destroçaste corações. Sorriste da ignorância daqueles que sentem medo de estar sozinhos e lhe chamam amor. Aos que conheceram a tua história deixaste uma marca impossível de apagar, uma perturbação que não tem fim, uma angústia que maltrata, uma inveja que corrói. Viveste cada dia como quiseste. Partiste muito cedo. Ou no tempo certo, nunca o saberemos dizer.