terça-feira, setembro 26, 2006

União ibérica

Acabada de regressar de mais um delicioso fim de semana em Salamanca, e ainda sob o efeito de boa disposição que aquela cidade teima em produzir em mim, queria começar este post felicitanto o novo semanário Sol, pela imensa publicidade que tem tido na vizinha Espanha. Sábado à noite, sempre que fui apresentada a alguém como portuguesa, o comentário era invariavelmente o mesmo: “Sabes que saiu um estudo, num jornal novo, que afirma que 30% dos portugueses defendem a união ibérica?”.
Aparentemente a notícia teve grande destaque, apesar das pessoas com quem eu falei não perceberem os motivos que levam tantos portugueses a desejarem tal união. O motivo para tal incompreensão é simples: este espírito não existe sequer entre espanhóis, como poderia existir entre ibéricos? Em Espanha, um castelhano sente-se simplesmente castelhano. Chamar espanhol a um catalão ou a um basco é uma ofensa que comporta um considerável número de riscos, enquanto os galegos se identificam mais com Portugal do que propriamente com os restantes hermanos.
Agora pergunto-me: como é que vamos conseguir passar a ideia de uma península que se torna um só país, se aqui ao lado não temos um país mas um conjunto de comunidades autónomas, bem distintas entre si, que dificilmente se entendem?
Ainda assim, continuo sem ter opinião formada sobre esta questão pelo que venho por este meio propor que façamos uma listagem de vantagens e desvantagens da hipotética situação. Abro o debate ao mundo inteiro: quem quiser participe, seja em que língua for.

Então comecemos pelo que nós próprios (portugueses) ganharíamos com esta união:
- a legalização de matrimónios entre pessoas do mesmo sexo e de interrupções voluntárias da gravidez, para deixarmos de enterrar a cabeça na areia cada vez que se fala de temas como estes;
- um Parlamento com uma representação equitativa de ambos os sexos, em vez de duas ministras em dezasseis ministérios;
- melhores ordenados e melhores perspectivas económicas;
- seríamos campeões do mundo em basquetebol e estaríamos melhor posicionados em vários desportos motorizados;
- trataríamo-nos todos por tu, em vez de alguns serem senhores doutores, outros senhores engenheiros e outros ainda professores doutores;
- uma maior vontade de sair à noite e ir de fiesta;
- uma muito maior auto-estima;
- valorizaríamos mais os artistas nacionais e as nossas rádios passariam muito mais música portuguesa (ou ibérica);
- teríamos Pedro Almodovar e mais uma série de excelentes realizadores de cinema.

Por outro lado, os nuestros hermanos também poderiam usufruir de muitas vantagens, com esta união ibérica. Se não vejamos:
- aprenderiam a falar idiomas estrangeiros e deixariam de considerar o português uma língua estranha, de influências orientais;
- receberiam melhor turistas estrangeiros e emigrantes;
- teriam uma alimentação mais rica, saborosa e variada, em vez de comerem tapas ao pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e ceia;
- teriam melhores vinhos, pão e queijo;
- teriam uma capital mais bonita que Madrid;
- deixariam de ter comunidades autónomas e organizações terroristas que desejam a total independência: nós damo-nos todos bem (à excepção de um senhor que teima em dizer umas barbaridades sobre um arquipélago com duas ilhas ao largo do Atlântico, mas ninguém lhe presta muita atenção);
- aprenderiam a jogar futebol e teriam uma selecção nacional maravilhosa cheia de craques que, mesmo para quem não goste do desporto-rei, alegram a vista (ora digam lá minhas senhoras se os abdominais de Cristiano Ronaldo e aquele ar de mau do Luis Figo não vos enchem de amor patriótico?);
- seriam uma república e os seus impostos não teriam que pagar os vestidos de casamento das minhas ex-colegas com os seus príncipes;
- teriam Mariza, Dulce Pontes e Madredeus, de quem tanto gostam;
- teriam Fernando Pessoa e toda a poesia portuguesa.

Visto assim não me parece mal, pelo contrário. Saíamos todos a ganhar.
Resta saber se é possível de concretizar. Estaremos nós portugueses dispostas a abandonar o nosso patriotismo e a partilhar o que temos de melhor?
Tenho dúvidas, mas devo confessar que a situação me começa a agradar!

7 Comments:

Blogger anDrEIA said...

Hola tia!
tudo beeem!? Parabéns pelo post arrojado =) com uma questão pertinente: a união ibérica! De facto, a ideia não deixa de ser tentadora, existindo bastantes vantagens para ambas as partes... Agrada-me o siempre em fiesta dos nuestros hermanos, os jantares tardios e a siesta =). Contudo, também tenho muito orgulho em ser portuguesa e exprimir-me numa das
mais belas línguas do mundo ;)
Dizem que "a união faz a força", portanto pode ser que península unida jamais será vencida =) A ver vamos... até lá a força tuga continua!
bjs

8:12 da tarde  
Blogger pedro said...

Deixemo-nos de regionalismos. Tendo sangue espanhol vejo com muito bons olhos esta união. Porque me sinto tão bem em Lisboa, em Viana do Castelo ou no Algarve, da mesma maneira que estou em casa em Barcelona, Madrid ou na Galiza. Pues venga! Oye muchacha, que estoy contigo.

Besazo

9:27 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Hola nena!
Perdona por no haber podido escribir antes. Tu post me ha parecido muy inteligente y creo que son más las ventajas de una hipotética unión. Y yo, que a pesar de no ser española, quiero mucho a este país, creo que Portugal y España juntos podrían llegar a ser una verdadera potencia en lo que se refiere a calidad de vida. Las únicas diferencias que deberían contar, son las que suman. De esta manera, ser catalán, vasco, portugués o castellano no sería más que una riqueza en medio de la diversidad de un país que sería idílico si se derrumbaran las fronteras físicas y mentales. Lo único que veo "chungo" es que los españoles aprendan a "falar" tu idioma... ya sabes que eso de las lenguas no se les dá muy bien... pero si es por Figo, yo aprendo hasta chino!!!
Beijos!!!

12:09 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Hola nena, siento no haber leido este articulo antes, me ha gustado mucho y eso que no soy ibérica, aunque siento muy cercana esta tierra. Si la unión ibérica dependiera de mi, hace rato que la hubiera promovido. Me parece que podría favorecer a todos la unificación, además si juntamos las virtudes de españoles y portugueses, como dice Bea, creo que podrian ser una potencia. El mundo seria perfecto si se unieran la marcha española, la calidez portuguesa, la tortilla y el bacalao. Asi que amigos ibéricos, a por la unidad!!!
beijocas

11:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Creo que hay una confusión generalizada. Una cosa es considerar que la reforma estatutaria es una garantía para conseguir que la región deje de ser una comunidad de segunda, para garantizar la mejor cohesión y conseguir ser fuertes, participando en la reforma del estado en tiempo y forma y no en el vagón de cola.


Reivindicar la asunción de competencias que no son exclusivas del estado y que aún no se han asumido. Considerar que Castilla y León no debe tener complejo alguno a la hora de reivindicar un papel digno en la reforma federalista del Estado.

Considerar que en una comunidad tan grande que tiene a la población tan dispersa, es necesario pasar de una concepción centralista de los servicios públicos, a una descentralización comarcal. Todo para mejorar los servicios y prestaciones a los vecinos.

Reclamar además un papel más relevante en materia de Justicia ,una RTV Pública, más participación en la Confederación Hidrográfica del Duero, e incluso el reclamo de la lengua castellana.

Y todo esto no está reñido con considerarse ciudadano del mundo y ni más ni menos que nadie.

Chus

12:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Prefiero dejar de hablar de instituciones, de órganos al servicio de una economía donde prevalece el valor monetario frente al humano. Aplaudo cualquier iniciativa de unión, de acercamiento entre personas, entre colectivos horizontales y en la misma medida desconfío de uniones como la UE, EEUU, la comunidad de Castilla y León,..., cuya finalidad es construir, con todo el maquillaje necesario para que la gente crea lo contrario, un escenario de control social y pensamiento único: el del consumismo, el de la violencia estructural, el de "arréglatelas como puedas si no tienes dinero". Y sobre los regionalismos, más de lo mismo. Defiendo las diferencias culturales y apoyo la riqueza que nos da la diversidad, siempre que no conlleve el menosprecio de la vecina o su anulación mediante violencias o coacciones.
Eso pienso. Ánimo con los acercamientos, claro, pero pensad en lo que significan los estados. Abramos los ojos lo que sostienen los estados: la militarización social, la homogeneización, el control de la información por los grupos de influencia, la mercantilización de las catástrofes y de las necesidades sociales, la guerra como mal necesario...
Salud y acierto.

Un salmantino que antes creía en esta religión que es el sistema que nos quiere gobernar.

9:52 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Si a la Unión!

9:32 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home