segunda-feira, outubro 29, 2007

Ao anoitecer


Completamente às escuras, não só na sala de cinema, mas também nos conhecimentos sobre o filme. Foi assim que comecei a assistir «Ao Anoitecer», sessão recheada de estrelas, com Meryl Streep a ofuscar quase tudo à volta. Meia hora de cena, para relembrar que mais ninguém consegue ter uma presença tão sufocante.
Mas existem outras surpresas, Michael Cunningham, o autor de «As Horas», adaptou o romance de Susan Minot, para sublinhar que poucos homem conhecem tão bem o espírito e a mente femininos.
Uma mulher na fase terminal da vida visita memórias difusas, que partilha com as duas filhas: a loira com a vida perfeita e o pragmatismo das mulheres que sabem o que querem, e a morena que vive um dia de cada vez, numa sucessão de erros e contradições, dúvidas e nostalgias.
Não me entristece o cancro que vai tomando conta de todos os órgãos do corpo, mas uma vida de sentimentos contrariados, que tinham tudo para não ter sido. Uma personalidade demasiado forte, um espírito inconformista e um sentimento de culpa insuportável, ou uma amálgama de características que impossibilitam a felicidade.
Porque existem sentimentos tão perfeitos, que parecem destinados a não acontecer.
Para casa, levo sal nos olhos. A esperança de ainda não ter deitado fora as melhores oportunidades de ser feliz ou o insuportável desejo de não chegar ao fim da vida com aquelas certezas?

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não tens a certeza sobre quem és ou quem queres ser... A loira ou a morena? É isso?

Mas isso não é motivo para chorares... ;)

2:48 da tarde  
Blogger anDrEIA said...

Gostei... do filme e do teu post ;)

1:24 da tarde  
Blogger pedro said...

Fico feliz por ter partilhado essa meia-hora contigo :-)

3:59 da tarde  

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