sábado, dezembro 02, 2006

Identificação pura

Ricardo adorava participar em campeonatos de ténis. Não jogava muito bem e nem sequer gostava especialmente daquele desporto. As vitórias eram poucas e suadas, mas com grande significado. O treinador, realista e pouco confiante nas qualidades do aluno, repetia-lhe sempre: "Perder ou ganhar tudo é desporto, continua a praticar!". Nunca lhe dava ouvidos. O objectivo era ganhar: dos segundos e terceiros classificados ninguém se lembrava, que não lhe viessem com histórias!
Não desejava nenhuma taça, nem tão pouco um grande aplauso. O que ele queria mesmo era ver aquele brilho nos olhos deles. Como se, naquele momento conseguissem esquecer os amigos de aspecto duvidoso, as namoradas que nunca chegaram a existir, o curso de medicina trocado pelo Conservatório ou as roupas da irmã que alargavam ao fim de pouco tempo de uso e os batons vermelhos que teimavam em desaparecer.
Naquele momento o importante era mesmo o brilho nos olhos deles e o orgulho que afinal sentiam por si. Brilho nos olhos como sinónimo de admiração e de afecto. Equação lógica de quem subtrai à felicidade tudo o que não importa e fica apenas com momentos como este, próximos da perfeição.

1 Comments:

Blogger pedro said...

Porque por mais que digamos, por mais discursos bravos e bravios sobre nós e os outros, é sempre deles que buscamos a aprovação imediata, nem que seja por um micro segundo.

7:29 da tarde  

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