Oh seu poeta!
Ontem depois de almoço, enquanto me preparava para pagar a conta dou comigo a escutar a conversa da mesa ao lado (coisa feia, eu sei, mas os senhores não faziam nenhuma questão em não ser ouvidos). Numa mesa de executivos engravatados alguém diz, acerca de um político da nossa praça, recentemente candidato à Presidência da República:
"- É um poeta, o que é que ele ía fazer para Belém?"
E ninguém respondeu, ficando o assunto arrumado. Em seguida fizeram-se prognósticos para os jogos de futebol do fim de semana que se avizinhava.
Dei-me então conta que ironicamente, em Portugal, pátria de Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa, Herberto Helder, Eugénio de Andrade, entre tantos outros, chamar alguém de poeta é um insulto. Se a moda pega é mesmo coisa para deixarmos de ver os civilizados condutores do nosso país insultarem as mães uns dos outros e passarem a gritar "Ando lá com essa lata oh seu poeta!". Também as mães dos árbitos poderão ter algum descanso e os seus filhos passarão a ouvir, após a validação de golos marcados com a mão ou outros desastres semelhantes: "Seu poeta, devem-te ter pago bem, devem!".
Ao que parece ser poeta não é, de forma alguma, profissão, muito menos garantia de competência num lugar político. A julgar pelo estado do nosso país, podemos mesmo dizer que temos sido governados (e muito bem) por excelentes economistas, juristas, engenheiros e médicos, que isso sim são profissões a sério, credíveis. O sonho de qualquer pai babado. Aliás, qualquer adolescente problemático que queira ver os pais sofrerem um ataque cardíaco é dizer-lhes que quer ser poeta, filósofo, antropólogo, toxicodepente ou arrumador de carros.
Ser actor ou modelo, por exemplo, já foi mais temido: agora há sempre a esperança de ver o rebento protagonizar uma série de adolescentes com nome de fruta, mesmo que não saibam escrever o próprio nome correctamente.
Também, quem precisa de saber escrever português correctamente nos nossos dias? O melhor mesmo é aprender espanhol, para quando formos oficialmente hipotecados e os nuestros hermanos tomarem generosamente conta das nossas finanças, ou inglês, se o choque tecnológico há muito previsto vier algum dia a acontecer. Até lá nada de deixar filhos, primos, familiares queridos ou amigos seguirem a área de Humanidades! A não ser que tenham pais ricos ou a esperança de se tornarem euromilionários nos próximos tempos.
"- É um poeta, o que é que ele ía fazer para Belém?"
E ninguém respondeu, ficando o assunto arrumado. Em seguida fizeram-se prognósticos para os jogos de futebol do fim de semana que se avizinhava.
Dei-me então conta que ironicamente, em Portugal, pátria de Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa, Herberto Helder, Eugénio de Andrade, entre tantos outros, chamar alguém de poeta é um insulto. Se a moda pega é mesmo coisa para deixarmos de ver os civilizados condutores do nosso país insultarem as mães uns dos outros e passarem a gritar "Ando lá com essa lata oh seu poeta!". Também as mães dos árbitos poderão ter algum descanso e os seus filhos passarão a ouvir, após a validação de golos marcados com a mão ou outros desastres semelhantes: "Seu poeta, devem-te ter pago bem, devem!".
Ao que parece ser poeta não é, de forma alguma, profissão, muito menos garantia de competência num lugar político. A julgar pelo estado do nosso país, podemos mesmo dizer que temos sido governados (e muito bem) por excelentes economistas, juristas, engenheiros e médicos, que isso sim são profissões a sério, credíveis. O sonho de qualquer pai babado. Aliás, qualquer adolescente problemático que queira ver os pais sofrerem um ataque cardíaco é dizer-lhes que quer ser poeta, filósofo, antropólogo, toxicodepente ou arrumador de carros.
Ser actor ou modelo, por exemplo, já foi mais temido: agora há sempre a esperança de ver o rebento protagonizar uma série de adolescentes com nome de fruta, mesmo que não saibam escrever o próprio nome correctamente.
Também, quem precisa de saber escrever português correctamente nos nossos dias? O melhor mesmo é aprender espanhol, para quando formos oficialmente hipotecados e os nuestros hermanos tomarem generosamente conta das nossas finanças, ou inglês, se o choque tecnológico há muito previsto vier algum dia a acontecer. Até lá nada de deixar filhos, primos, familiares queridos ou amigos seguirem a área de Humanidades! A não ser que tenham pais ricos ou a esperança de se tornarem euromilionários nos próximos tempos.
1 Comments:
Ora lá está... o maior erro da minha vida foi ter seguido essa área: Humanidades! Levou-me a um curso k ficou aquém das minhas expectativas e kdo percebi o erro já era tarde demais... N ia voltar p o 10º ano e começar tudo de novo :(
Aqui fica um conselho: nunca ponham a matemática de lado.. à pala disso a minha possivel mudança de curso nunca passou de uma impossibilidade...
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