segunda-feira, abril 16, 2007

O Bom Nome e As Vidas dos Outros




Fim de semana dedicado ao descanso, ao passeio e à sétima arte. Duas opções muito certeiras, para relaxar das eternas produções hollywoodescas.
O Bom Nome é a mais recente realização de Mira Nair, a cineasta de Casamento Debaixo de Chuva. O filme começa também com um casamento indiano, devidamente combinado pelos familiares de Ashoke e Ashima. Como o primeiro se encontra a fazer doutoramento nos Estados Unidos, o casal muda-se de Calcutá para Nova Iorque, à procura do sonho americano. Para além das oportunidades profissionais que vão tendo, aprendem a amar-se, enquanto constroem uma família dividida entre os valores indianos e o modo de vida ocidental.
Gogol, o primeiro filho do casal, assim chamado em homenagem ao escritor russo, rejeita as tradições. Até ao momento em que se confronta com a verdadeira história da sua vida, dos seus antepassados e da sua identidade.
Do filme, destaco não apenas a história, como a cor (dos cenários e das roupas) e a fantástica interpretação de Tabu (Ashima). A actriz consegue passar para o ecrã todas as dificuldades de uma mulher emigrante nos Estados Unidos, forçada a adaptar-se a valores nos quais não acredita, bem como o próprio envelhecimento e amadurecimento da personagem. O filme é mesmo muito bom, e recomenda-se!


A segunda opção foi As Vidas dos Outros. Do estrante na realização Florian Henckel nasceu uma história de voyerismo onde o capitão Gerd Wiesler (Ulrich Mühe), é um oficial altamente credenciado da Stasi, a polícia política da antiga Alemanha de Leste.
Fiel ao partido e regime comunistas, Gerd acredita no seu trabalho e na eficácia dos meios, até ser encarregue de uma missão que irá mudar a sua perspectiva de vida. Ao espiar o escritor George Dreyman (Sebastian Koch), e a mulher, a actriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck), começa a duvidar da única crença que considerava certa (a política) e a sentir-se só.
Por seu lado, o casal acredita no poder da arte e nas transformações que dela poderão surgir, enquanto vão sendo vítimas de chantagem e censura às suas escolhas.
O contexto histórico é real: antes da queda do muro de Berlim, o governo da antiga RDA assegurava o poder através de um apertado sistema de controle e vigilância, a Stasi, com uma vasta cadeia de informadores (que chegaram a ser 200.000 numa população de 17 milhões). O objectivo era precisamente saber tudo sobre “as vidas dos outros”.
A história desenrola-se assim à volta deste casal, e da mudança comportamental de Gerd Wiesler. Forte e comovente, é um filme com os retratos de vida e as repressões que um regime, supostamente democrático, nunca deixou de efectuar.

3 Comments:

Blogger Reflexo said...

Ja não passava aqui pelo blog há uns dias, mas passei hoje e ora bem a jeito descubro logo 3 coisas boas da vidas...e ainda bem!
Uma música dos U2,que adoro, e dois filmes, um dos quais O Bom Nome cujo o trailer vi à pouco tempo!
Irei brevemente ao cinema!
Obrigada por mais estes posts:)
Boa semana

12:17 da tarde  
Blogger Deeper said...

Obrigada Reflexo! E obrigada a todos os leitores que se queixaram da falta de produção dos últimos dias. Um beijo enorme para todos. Adoro-vos! (É bom relembrar-vos destas coisas que para mim são evidentes, mas que nem sempre o são para as pessoas de quem gosto. As Mirandas independentes e perfeitamente capazes de viverem sozinhas têm algumas dificuldades em demonstrar sentimentos, o que não quer dizer que não os tenham...)

2:51 da tarde  
Blogger anDrEIA said...

Miga, andaste desaparecida mas voltaste em força ;)

6:03 da tarde  

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