quarta-feira, agosto 22, 2007

Casablanca


Histórias de amores imperfeitos, num tempo que não está a favor dos amantes.
But the world will always welcome lovers, mesmo que por instantes fugazes. No final das vidas a frustração pode ser uma realidade, mas saberão que trocaram aquele olhar.
Life is not measured by the number of breaths we take, but my the number of moments that take our breath away...

sexta-feira, agosto 10, 2007

Tempo

Sexta-feira, sete da tarde de um dia que não inaugura um fim-de-semana. São as minhas desejadas férias. Uma sensação zen invade-me o corpo e começo a desligar da realidade. Sem recurso a massagens, dispenso as velas e a música chill out.
Tenho tempo. Tempo para deixar o tempo passar devagar.
Por uns dias deixarei de organizar a vida como se de uma agenda se tratasse. Deixarei de estabelecer metas e objectivos. A ideia já me delicia.
Nos próximos dias não vou pensar se estamos bem, se estou melhor contigo ou sem ti. Deixo as decisões para mais tarde e encarrego o destino de nos conduzir: não por fé, mas pela preguiça que me invade, sem que eu lhe ofereça resistência. O amor acontece naturalmente.
Temos tempo. Tempo para viver um amor imperfeito, nem preto, nem branco. Com borboletas na barriga, indecisões, sinais de desespero e dúvidas, que vão adiando o diagnóstico de “caso irremediavelmente perdido”, “incompatibilidade congénita”, ou talvez não. Talvez o diagnóstico não tenha mesmo que ser esse.
Não sei, não quero saber e já não preciso de ter certezas. Só de me sentir bem. E sinto. Entrego-me sabendo que fui vencida e fico feliz com a derrota. Guardamos o relógio e o despertador. Vamos acordar sem ruídos mecânicos, e recordar um refrão de Ella Fitzgerald: Heaven, I’m in heaven…
Partimos de carro abandonando o trânsito, perdemo-nos no caminho que não queremos voltar a encontrar. Viajo e reencontro-me em cada rua, esquina ou praça onde nunca tinha estado. Absorvo com o olhar o verde dos cenários que me rodeiam e não preciso de máquina fotográfica. Invade-me a saudade do momento presente.
Na esplanada saboreio um gelado com tempo para derreter. Não me levanto, porque ainda não recuperei forças para isso. Converso com a senhora do café, sorrio com vontade e não penso em mais nada.
Ao fim da tarde perco-me nas páginas de um livro que escolhi, e que me esperava há tanto tempo. A leitura adiada redobra o prazer: a melhor parte da discussão é o fim, o melhor da distância é o reencontro.
Recupero as energias que me farão voltar, um dia que parece distante. A concretização dos meus sonhos é importante, e depende da vontade massajada nestes dias. Tudo parece mais fácil, mais possível, mais útil. Os sorrisos voltarão a existir. Estávamos todos muito cansados nos últimos dias, esforço-me por acreditar.