quinta-feira, agosto 28, 2008

Encontraram-se na esquina do instante e cruzaram-se no intervalo de uma vida. Olharam, sentiram, disseram que não, depois disseram que sim. Ninguém deu por nada, tal a brevidade do momento. Coisas que acontecem em milhões de outras esquinas, espalhadas pelos intervalos de tantas outras vidas. Não há que atribuir importância ao assunto, tal a (in)vulgaridade da situação. No dia seguinte, a vida (a real, a que interessa, a visível) tem de continuar. É para isso que servem o trabalho, os jantares de família, as contas a pagar, os amigos, os sorrisos, as idas ao shopping. Para os manterem acordados e realistas. «Esquece lá isso». Tão fácil de dizer não é?

sábado, agosto 23, 2008

Nélson Évora

Coisas Boas da Vida... e não estou só a falar da medalha de ouro, do patriotismo ou do hino nacional. Estava mesmo a referir-me ao rapaz em si... Coisa Muito Boa desta Vida! Para além de lindo e igualmente fantástico sem t-shirt, ainda é modesto, não se queixa da pressão dos jornalistas, diverte-se com aquilo que faz e não passa a vida a lamentar o salário de 1000 euros... Enfim, uma verdadeira jóia africana.
M. hoje sinto-me particularmente generosa: fica com o nadador (que até está a passar férias no Algarve). Não contes é que a minha generosidade se mantenha, caso este rapazinho me apareça pela frente... Por ele, eu tornava-me particularmente egoísta: meu, meu e meu!

quinta-feira, agosto 21, 2008

Michael Phelps

É a esperança de todas as mães de crianças hiperactivas. Feliz ideia, a da progenitora deste belo espécime: seguiu o conselho médico e matriculou o filho nas aulas de natação. Uns aninhos depois o rapaz passe1a-se por Pequim com este belo tronco onde já foram penduradas oito medalhas. Sim, pensando bem, «a esta hora estava-se mesmo bem na caminha...».

PS: Post enviado directamente para os Açores, por onde se diz que os últimos posts deste blog levaram às lágrimas uma covilhanense saudosista. Amiga, espero que aprecies a mudança de assunto. Uma imagem destas vale bem mais que mil palavras! Beijo grande

domingo, agosto 10, 2008

Nunca tinha acreditado no amor à primeira vista. Para dizer a verdade, começava a duvidar da existência do mesmo à segunda, à terceira, à quarta,… Ou melhor, não seria propriamente duvidar da sua existência, era mais pensar que, sendo um sentimento tão nobre quanto o descreviam, dificilmente teria a sorte de o viver.
Depois, a ironia começava a tomar-lhe conta dos dias. A paciência para os filmes românticos, para as histórias das amigas e para os exageros próprios de seres apaixonados começava a esgotar-se. O que levava algumas pessoas a perder a cabeça, realizar perseguições sem tréguas, lutar por algo que acreditavam pertencer-lhes? A dependência de alguém assustava-a de morte.
Mantinha-se na ignorância, ouvia e tentava ajudar, sem nunca se identificar com tamanhos exageros. Mas a distância que mantinha em relação a tudo (a mesma que parecia tranquilizar algumas pessoas, transmitindo-lhes a calma necessária para chegar a algumas conclusões) começava a assustá-la. Podia ser frieza, insensibilidade. Até que um dia percebeu que era apenas uma forma diferente de encarar as coisas, uma forma mais zen e mais livre de amar. Nem por isso menos dolorosa.
- Espero que a conversa corra bem e que possam resolver todos os vossos problemas.
- Estás a ser irónica?
Não estava. Naquele momento, vinha-lhe à memória uma música antiga, que passava a ter novo significado...
They say if you love somebody
Then you have got to set them free

Nos dias seguintes recordou os outros versos, os que custavam mais a lembrar.
But I would rather be locked to you
Than live in this pain and misery
They say that time will make all this go away
But it's time that has taken my tomorrows and turned them into yesterday
And once again that rising sun is a droppin' on down
And once again you my friend are no where to be found
(Walk away – Ben Harper)

quarta-feira, agosto 06, 2008

«Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia» (Nietzsche). A frustração que me invade quando alguém resume tão bem a tempestade que tomou conta dos últimos dias... Ahhhh!

domingo, agosto 03, 2008

SMS de alguém que já não vejo há muito tempo, na realidade dos dias que passam e dos cafés que se podem tomar: «Leio todos os dias o teu blog. Nunca consegui comentar. Acho que, à distância, consegui ficar viciado em ti. Admiro a coragem de certos posts: mesmo quando a exposição parece ser em demasia, não consigo deixar de ler. Aliás, é sobretudo aí que não consigo deixar de ler.»
Esclarecimento último, antes que me deixe vencer pelo cansaço: NEM TODOS OS POSTS DESTE BLOG SÃO AUTO-BIOGRÁFICOS. A passagem pela tecla Caps Lock foi TOTALMENTE INTENCIONAL, como se estivesse realmente a falar em voz alta.
Outras pessoas já me perguntaram por que escrevo. Não sei. Não é nenhuma forma de desabafo, não é um exorcismo da melancolia de alguns dias, não é uma manifestação da alegria de outros. Não sou a personagem principal de todos os posts. Este blog não é um devaneio de escritora frustrada, não é o princípio de um romance, não é a «vida tal como ela é», para isso teríamos os reality shows.
Escrevo porque nem sempre gosto de falar. Sim. Essa é a razão mais provável, já que não existem respostas certas.