sexta-feira, dezembro 21, 2007

(Vamos passar a noite juntos, ser felizes e amarmo-nos como se fosse a última noite das nossas vidas?)
- Liguei-te para saber se queres tomar café?
- Humm, deixa-me ver…
(Morro se disseres que não.)
- Sempre com uma agenda muito ocupada…
(Quando é que tens tempo para mim?)
- Quando é que tens tempo para estar com os teus amigos?
- Quando mudar de profissão. Hoje tive reuniões até às 10 da noite.
(Foi mesmo isso? Não me atendeste o telefone porque estavas em reuniões?)
- Mas amanhã é sexta.
(Quero estar sozinho contigo, bolas)
- Disseste à Isa e ao Rui?
(Sozinho, qual foi a parte que não percebeste?)
- Sim, mas acho que ela está doente e vão ficar em casa…
- Então podemos deixar para quando ela estiver melhor não?
(E eu? Quando é que eu volto a estar melhor?)
- Tu é que sabes. Tinha pensado num café rápido…
- Está bem. Olha já te contei que tenho saído com o Gustavo?
(…)
- Ele tem sido tão querido. Quando estamos juntos, olha para mim daquela forma, como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo, sabes?
- Sei…
- Há muito tempo que ninguém olhava assim para mim…
- Completamente cega…
- Não percebi, deves estar a ficar sem rede, estás ao soluços…
- Tenho uma chamada em linha.
(Tenho que morrer)
- Tenho que desligar.
- E o café? Ricardo?

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Não gostava particularmente desta época. A família, que sempre teve pouco de tradicional, esgotava-me as energias. Corria de um lado para o outro para agradar a gregos e a troianos, distribuindo sorrisos e abraços, tentando demonstrar a todos que os amo, como se fosse mesmo a última hipótese. Qual equilibrista num trapézio sem rede.
Este ano decidi que não ía ser assim. Este ano terão que saber que realmente vos amo sem estar sempre presente, sem estar sempre a sorrir. Sem desejar Feliz Natal.