União ibérica
Acabada de regressar de mais um delicioso fim de semana em Salamanca, e ainda sob o efeito de boa disposição que aquela cidade teima em produzir em mim, queria começar este post felicitanto o novo semanário Sol, pela imensa publicidade que tem tido na vizinha Espanha. Sábado à noite, sempre que fui apresentada a alguém como portuguesa, o comentário era invariavelmente o mesmo: “Sabes que saiu um estudo, num jornal novo, que afirma que 30% dos portugueses defendem a união ibérica?”.
Aparentemente a notícia teve grande destaque, apesar das pessoas com quem eu falei não perceberem os motivos que levam tantos portugueses a desejarem tal união. O motivo para tal incompreensão é simples: este espírito não existe sequer entre espanhóis, como poderia existir entre ibéricos? Em Espanha, um castelhano sente-se simplesmente castelhano. Chamar espanhol a um catalão ou a um basco é uma ofensa que comporta um considerável número de riscos, enquanto os galegos se identificam mais com Portugal do que propriamente com os restantes hermanos.
Agora pergunto-me: como é que vamos conseguir passar a ideia de uma península que se torna um só país, se aqui ao lado não temos um país mas um conjunto de comunidades autónomas, bem distintas entre si, que dificilmente se entendem?
Ainda assim, continuo sem ter opinião formada sobre esta questão pelo que venho por este meio propor que façamos uma listagem de vantagens e desvantagens da hipotética situação. Abro o debate ao mundo inteiro: quem quiser participe, seja em que língua for.
Então comecemos pelo que nós próprios (portugueses) ganharíamos com esta união:
- a legalização de matrimónios entre pessoas do mesmo sexo e de interrupções voluntárias da gravidez, para deixarmos de enterrar a cabeça na areia cada vez que se fala de temas como estes;
- um Parlamento com uma representação equitativa de ambos os sexos, em vez de duas ministras em dezasseis ministérios;
- melhores ordenados e melhores perspectivas económicas;
- seríamos campeões do mundo em basquetebol e estaríamos melhor posicionados em vários desportos motorizados;
- trataríamo-nos todos por tu, em vez de alguns serem senhores doutores, outros senhores engenheiros e outros ainda professores doutores;
- uma maior vontade de sair à noite e ir de fiesta;
- uma muito maior auto-estima;
- valorizaríamos mais os artistas nacionais e as nossas rádios passariam muito mais música portuguesa (ou ibérica);
- teríamos Pedro Almodovar e mais uma série de excelentes realizadores de cinema.
Por outro lado, os nuestros hermanos também poderiam usufruir de muitas vantagens, com esta união ibérica. Se não vejamos:
- aprenderiam a falar idiomas estrangeiros e deixariam de considerar o português uma língua estranha, de influências orientais;
- receberiam melhor turistas estrangeiros e emigrantes;
- teriam uma alimentação mais rica, saborosa e variada, em vez de comerem tapas ao pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e ceia;
- teriam melhores vinhos, pão e queijo;
- teriam uma capital mais bonita que Madrid;
- deixariam de ter comunidades autónomas e organizações terroristas que desejam a total independência: nós damo-nos todos bem (à excepção de um senhor que teima em dizer umas barbaridades sobre um arquipélago com duas ilhas ao largo do Atlântico, mas ninguém lhe presta muita atenção);
- aprenderiam a jogar futebol e teriam uma selecção nacional maravilhosa cheia de craques que, mesmo para quem não goste do desporto-rei, alegram a vista (ora digam lá minhas senhoras se os abdominais de Cristiano Ronaldo e aquele ar de mau do Luis Figo não vos enchem de amor patriótico?);
- seriam uma república e os seus impostos não teriam que pagar os vestidos de casamento das minhas ex-colegas com os seus príncipes;
- teriam Mariza, Dulce Pontes e Madredeus, de quem tanto gostam;
- teriam Fernando Pessoa e toda a poesia portuguesa.
Visto assim não me parece mal, pelo contrário. Saíamos todos a ganhar.
Resta saber se é possível de concretizar. Estaremos nós portugueses dispostas a abandonar o nosso patriotismo e a partilhar o que temos de melhor?
Tenho dúvidas, mas devo confessar que a situação me começa a agradar!
Aparentemente a notícia teve grande destaque, apesar das pessoas com quem eu falei não perceberem os motivos que levam tantos portugueses a desejarem tal união. O motivo para tal incompreensão é simples: este espírito não existe sequer entre espanhóis, como poderia existir entre ibéricos? Em Espanha, um castelhano sente-se simplesmente castelhano. Chamar espanhol a um catalão ou a um basco é uma ofensa que comporta um considerável número de riscos, enquanto os galegos se identificam mais com Portugal do que propriamente com os restantes hermanos.
Agora pergunto-me: como é que vamos conseguir passar a ideia de uma península que se torna um só país, se aqui ao lado não temos um país mas um conjunto de comunidades autónomas, bem distintas entre si, que dificilmente se entendem?
Ainda assim, continuo sem ter opinião formada sobre esta questão pelo que venho por este meio propor que façamos uma listagem de vantagens e desvantagens da hipotética situação. Abro o debate ao mundo inteiro: quem quiser participe, seja em que língua for.
Então comecemos pelo que nós próprios (portugueses) ganharíamos com esta união:
- a legalização de matrimónios entre pessoas do mesmo sexo e de interrupções voluntárias da gravidez, para deixarmos de enterrar a cabeça na areia cada vez que se fala de temas como estes;
- um Parlamento com uma representação equitativa de ambos os sexos, em vez de duas ministras em dezasseis ministérios;
- melhores ordenados e melhores perspectivas económicas;
- seríamos campeões do mundo em basquetebol e estaríamos melhor posicionados em vários desportos motorizados;
- trataríamo-nos todos por tu, em vez de alguns serem senhores doutores, outros senhores engenheiros e outros ainda professores doutores;
- uma maior vontade de sair à noite e ir de fiesta;
- uma muito maior auto-estima;
- valorizaríamos mais os artistas nacionais e as nossas rádios passariam muito mais música portuguesa (ou ibérica);
- teríamos Pedro Almodovar e mais uma série de excelentes realizadores de cinema.
Por outro lado, os nuestros hermanos também poderiam usufruir de muitas vantagens, com esta união ibérica. Se não vejamos:
- aprenderiam a falar idiomas estrangeiros e deixariam de considerar o português uma língua estranha, de influências orientais;
- receberiam melhor turistas estrangeiros e emigrantes;
- teriam uma alimentação mais rica, saborosa e variada, em vez de comerem tapas ao pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e ceia;
- teriam melhores vinhos, pão e queijo;
- teriam uma capital mais bonita que Madrid;
- deixariam de ter comunidades autónomas e organizações terroristas que desejam a total independência: nós damo-nos todos bem (à excepção de um senhor que teima em dizer umas barbaridades sobre um arquipélago com duas ilhas ao largo do Atlântico, mas ninguém lhe presta muita atenção);
- aprenderiam a jogar futebol e teriam uma selecção nacional maravilhosa cheia de craques que, mesmo para quem não goste do desporto-rei, alegram a vista (ora digam lá minhas senhoras se os abdominais de Cristiano Ronaldo e aquele ar de mau do Luis Figo não vos enchem de amor patriótico?);
- seriam uma república e os seus impostos não teriam que pagar os vestidos de casamento das minhas ex-colegas com os seus príncipes;
- teriam Mariza, Dulce Pontes e Madredeus, de quem tanto gostam;
- teriam Fernando Pessoa e toda a poesia portuguesa.
Visto assim não me parece mal, pelo contrário. Saíamos todos a ganhar.
Resta saber se é possível de concretizar. Estaremos nós portugueses dispostas a abandonar o nosso patriotismo e a partilhar o que temos de melhor?
Tenho dúvidas, mas devo confessar que a situação me começa a agradar!