Babel
Babel não é apenas um filme sobre preconceitos. É um filme sobre a violência e a morte que os preconceitos podem gerar. Talvez por isso nunca tenha aceite pacificamente que se fale baixinho, mesmo que entre amigos, dos pretos, dos ciganos, dos brasucas, dos chinocas, dos monhés ou de outros grupos que o ocidental (branco e confortavelmente criado numa tradição judaico-cristã) se sinta no direito de discriminar. O mundo aos nossos olhos resume-se cada vez mais a Washington, Nova Iorque, Londres, Berlim, Paris, Bruxelas e Lisboa.
Babel reflecte precisamente esta visão egoísta: um tiro acidental fere uma americana que se encontrava de férias em Marrocos, provocando consequências em vários pontos do planeta. O choque causado pela quase morte de uma cidadã norte-americana, respeitosamente casada e mãe de dois filhos, e a indiferença pelo assassinato de uma criança marroquina são demasiado evidentes e cansativos, sobretudo para quem ainda acha que há esperança.
Dirigido por Alejandro González-Iñárritu, com um elenco de luxo (Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal), o filme conta já com sete nomeações para os Óscares.
É provável que o realizador nunca tenha ouvido Jorge Palma. É pena, porque a banda sonora poderia ser
Na terra dos sonhos podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal.
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual.
O problema é que eu insisto em permanecer nela.