sexta-feira, março 30, 2007

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Artigo 1º) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2º) Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3º) Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 217A (III) de 10 de Dezembro de 1948.
Publicada no Diário da República, I Série A, n.º 57/78, de 9 de Março de 1978, mediante aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Considerei importante sublinhar a mensagem. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é constituída por 30 artigos igualmente importantes.
Nos dias que correm, em que algumas pessoas parecem ter enlouquecido (e, pior, fazem questão de o demonstrar) é sempre conveniente relembrar o texto constitucional que melhor evidencia os progressos realizados no século passado. Coisas Boas da Vida que nunca seria capaz de questionar.

segunda-feira, março 26, 2007

O Grande Português ou as 1001 maneiras de ficar estúpido a ver um programa de televisão nacional


Os homens são do tamanho dos valores que defendem. Aristides de Sousa Mendes foi, talvez por isso, um dos poucos heróis nacionais do século XX e o maior símbolo português saído da II Guerra Mundial. Em 1940, quando era cônsul em Bordéus, protagonizou a "desobediência justa". Não acatou a proibição de Salazar de se passarem vistos a refugiados: transgrediu e passou 30 mil, sobretudo a judeus. Foi demitido compulsivamente. A sua vida estilhaçou-se por completo. "É o herói vulgar. Não estava preso a causas. Estava preso a uma questão fundamental: a sua consciência", afirma o jornalista Ferreira Fernandes.
No Coisas Boas da Vida ganham os bons, aqueles que aproveitaram o génio para tornar sonhos e utopias reais.
No Coisas Boas da Vida não há lugar para fascistas e ditadores, e aproveito para lembrar que na Constituição Portuguesa também não!

quarta-feira, março 21, 2007

Um dia alguém me disse, como tocado por uma súbita inspiração divina: “se pudesse gostava de lhe oferecer (à musa inspiradora) a Primavera”. Esperava impressionar-me com a sua poesia, ou tocar-me pelos bons sentimentos que o inundavam. Quando estamos apaixonados queremos que todos à volta também se apaixonem e nos compreendam nesta cegueira imensa, porque tudo é lindo e inspirador.
Não me impressionou. Desconhecia o meu desinteresse por amores perfeitos, com poemas cor de rosa próprios para todas as idades, suspiros e contemplações.
Se eu pudesse, não oferecia a Primavera. O meu amor é interessado, imperfeito. Não mendiga nada, mas espera sempre receber em troca. Reclama, exige, espera.
O meu amor não é a Primavera, nem a pureza dos jardins com flores e pássaros a chilrear. O meu amor é o Verão e as noites quentes, a praia, o calor e o céu imenso. O meu amor é o Inverno, as noites frias, as trovoadas e a lareira. Se eu pudesse dava-te a chuva e os dias cinzentos. Esperava que em troca me desses a imperfeição, a profundidade, o mistério, a não evidência, a dúvida e o pecado.

Tropeço de ternura por ti

É simples a separação.
Adeus.
Desenlaçado o último abraço, uma pressa de dar contas um ao outro.
Já não há gestos. O derradeiro (impossível) seria não desfazer o abraço.
Pressa de cada um retomar o outro na teia lenta da remembrança.
Não desfazer o abraço. Ficar face encostada ao niagara dos cabelos.
Sobram fotografias, voz no gravador, um bilhete na caixa do correio. Sobra o telefone.
Tensão - telefone. Experimentada. Sofrida.
Tensão - telefone. Possibilidade de voz não póstuma.
No gravador, voz de ontem, de anteontem. De há anos.
Sobra o telefone. Mudo.
Retininte?
Sobrarão as cartas. Sobra a espera.
Na teia lenta da remembrança, retomo-te em memória recente: na praia de ternura onde nos enrolámos e desenrolámos desesperados de separação.
Sobra a separação.

Alexandre O'Neill, em visita ao Coisas Boas da Vida no Dia Mundial da Poesia...

terça-feira, março 20, 2007

Unwritten


Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins
The rest is still unwriten...
Natasha Bedingfield

segunda-feira, março 19, 2007

Costumes

Eu pensei que pudesse esquecer certos velhos costumes,
eu pensei que já nem me lembrasse de coisas passadas.
Eu pensei que pudesse enganar à mim mesma dizendo
que essas coisas da vida em comum não ficavam marcadas.
Não pensei que me fizessem falta umas poucas palavras
dessas coisas simples que dizemos antes de dormir.
De manhã um "bom dia", na cama a conversa informal,
o beijo, depois o café, os carros, o jornal.
Os costumes me falam de coisas e factos antigos.
Não esqueço das tardes alegres com nossos amigos.
Um final de programa, fim de madrugada, o aconchego na cama, a luz apagada.
Essas coisas só mesmo com o tempo se pode esquecer.
Então eu me vejo sozinha, como estou agora e respiro toda liberdade que alguém pode ter.
De repente ser livre até me assusta,
me aceitar sem você, certas vezes me custa.
Como posso esquecer dos costumes se nem mesmo me esqueci de você?


Existem várias versões desta música, mas a que eu mais gosto é de Maria Bethânia.
Resultado de um final de domingo nostálgico a ouvir cds antigos...

Vejo-me, no entanto, na obrigação de fazer alguns esclarecimentos:
- Este post não é autobiográfico (como não são autobiográficos todos os posts que escrevo)
- Este post é dedicado a alguns amigos que não são capazes de retirar os esqueletos do armário e a algumas amigas com karma das exs
- Este post é a letra de uma música que eu gosto muito e que resume muitas coisas boas da vida (e outras menos boas, mas que fazem parte dela)
- Este post é a letra de uma música que eu costumava ouvir quando estava em Salamanca, altura muito feliz da minha vida (mesmo cheia de coisas boas e de memórias para recordar com sorrisos e lágrimas ao canto do olho)

sexta-feira, março 16, 2007

Véu Pintado



O Véu Pintado é uma história de amores imperfeitos, com pecados, traições e desencontros. É a história de duas pessoas que casaram e não viveram felizes para sempre. É a história de um amor não correspondido onde nem tudo é preto e branco. Como Kitty refere, nós seres humanos somos mais complicados que os micróbios estudados pelo marido: temos reacções imprevistas.

Os protagonistas (Edward Norton e Naomi Watts) formam um jovem casal britânico com pouco em comum: Walter, um médico da classe média, e Kitty, uma mulher da alta sociedade londrina. No princípio dos anos 20, após uma aventura extra-conjugal, Walter decide castigar a mulher levando-a a viver para uma zona infestada de cólera, numa aldeia remota da China. Pelos cenários de fundo, recomenda-se a visualização no cinema, sobretudo para quem nunca esteve por terras do Oriente.

A banda sonora foi premiada com um globo de ouro, na minha opinião muito justamente. E mais não digo, só que adorei o filme, como adoro amores imperfeitos.

quinta-feira, março 15, 2007

Experimenta


Não é publicidade gratuita, mas o novo anúncio da Optimus está muito bom.
A mensagem aplica-se ao conceito deeperiano de criação deste blog. Parece mesmo uma decisão simples, de resposta evidente.

segunda-feira, março 12, 2007

Mãe sim, esposa não?

No mesmo jantar do post anterior, Joana Lemos, também convidada, dizia:
"Nunca fui aquele tipo de rapariga que sonha entrar de branco na igreja e casar com um príncipe encantado. Por outro lado, sempre quis ser mãe. Ou seja, não sonhava com o marido mas sim com os filhos".
Não pude deixar de me identificar com o raciocínio. Não sei se é uma visão muito instrumental dos homens, se é puro pragmatismo ou descrença no amor, mas também penso assim: assusta-me a ideia de jurar amor eterno a alguém, prometer ser-lhe fiel por todos os dias das nossas vidas, usar no dedo uma aliança como prova de uma união.
Mas a eternidade de uma relação entre mãe e filho não me assusta em nada, antes me seduz. Contradições da vida contemporânea ou reflexão deeperiana a roçar o non-sense. Nada a que já não estejamos habituados.

(plano a longo prazo, com prazo de validade de dez anos, pelo que não necessitam de começar já a fazer economias para o enxoval da criança, nem tão pouco se aceitam inscrições para padrinhos e madrinhas;) )

sexta-feira, março 09, 2007

Lua

Pedro Abrunhosa

Mais um dia que acaba

e a cidade parece dormir,

da janela vejo a luz que bate no chão

e penso em te possuir.

Noite após noite, há já muito tempo,

saio sem saber para onde vou,

chamo por ti, na sombra das ruas,

mas só a lua sabe quem eu sou.

Lua, lua,eu quero ver o teu brilhar,

lua, lua, lua,

Eu quero ver o teu sorrir.
Leva-me contigo,

mostra-me onde estás,

é que o pior castigo

é viver assim, sem luz nem paz,

sozinho com o peso do caminho

que se fez para trás...

Lua, eu quero ver o teu brilhar,

no luar, no luar.
Homens de chapéu e cigarros compridos

vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada,

mulheres meio despidas encostadas à parede

fazem-me sinais que finjo não entender.

Loucas são as noites, que passo sem dormir,

loucas são as noites.

Os bares estão fechados já não há onde beber,

este silêncio escuro não me deixa adormecer.

Loucas são as noites...
Não há saudade sem regresso, não há noites sem madrugada,

Ouço ao longe as guitarras, nas quais vou partir,

na névoa construo a minha estrada.
Loucas são as noites...


Ontem à noite foi assim, o cantor das palavras entrou pela porta dentro e encantou uma audiência surpreendida. E ainda acrescentou: "agora já sabem o que os vossos filhos estavam a ouvir há 13 anos atrás". Foi um belo presente do dia da Mulher: não eram os meus filhos, mas sim eu que ouvia esta música há 13 anos atrás. Era uma adolescente que vivia o primeiro amor, cheia de sonhos e caracóis na cabeça.

Saudosismos à parte, há coisas que nunca mudam. O primeiro amor hoje é uma memória muito especial, os sonhos amadureceram e os caracóis continuam rebeldes. Como mulher, também vou continuar a deixar-me seduzir pelas palavras certas - as menos óbvias, as mais surpreendentes, as mais tímidas, as mais disparatadas. As que eu nunca sei dizer.




quinta-feira, março 08, 2007

Dia Internacional da Mulher

A 8 de Março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, reivindicando a redução das mais de 16 horas diárias de trabalho. Em causa estava também o facto de receberem menos de um terço do salário dos homens pela realização do mesmo trabalho. Na tentativa de pôr fim ao protesto, foram fechadas na fábrica que viria a arder horas depois. 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1910, numa conferência internacional realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.

Actualmente, mantendo a celebração deste dia, pretende-se chamar a atenção para o papel da mulher na sociedade, bem como contestar e rever preconceitos e limitações persistentes. Assim sendo, por muito que me agrade receber flores e revistas femininas ou ter descontos em produtos de cosmética, depilações e em lingerie sexy, prefiro que o façam noutros dias.
Ficar bonita não é o meu único objectivo neste dia. Aliás, não é o meu único objectivo em nenhum dia do ano.

terça-feira, março 06, 2007

Jennifer Hudson


Dos Estados Unidos nem sempre podemos esperar más escolhas. Este ano, Hollywood decidiu premiar Jennifer Hudson com o óscar de Melhor Actriz secundária, pelo papel de Effie White no filme Dreamgirls, de Bill Condon.
Os incidentes na carreira da jovem actriz (a piquena só tem 25 aninhos) são já de alguma forma conhecidos do público em geral. Ex-concorrente do concurso American Idols, que não venceu, estreia-se como actriz no papel de uma cantora de voz poderosa, voluptuosas curvas e personalidade forte (são dispensados paralelismos com a autora do blog...).
A estreia valeu-lhe o aplauso do público e a rendição da academia. O caso não é para menos: a menina canta mesmo e interpreta muito bem o papel de uma mulher decidida, apaixonada pelo homem errado, pelo qual luta até ao fim. O solo em que demonstra toda a sua garra gritando aos sete ventos "és meu" é arrepiante e, infelizmente, original: já não estamos habituados a ver ninguém (homem ou mulher) lutar assim pela pessoa que ama.
No meio de tudo isto quase nos esquecemos de Beyonce, a actriz principal, menina bonita e dona de um corpo fantástico, com uma voz que em tudo perde quando comparada com a de Jennifer Hudson. O facto de ser a mais atraente transformou-a na solista do grupo, por concessões comerciais e de imagem.
Mas o melhor mesmo é irem ver: o filme não é extraordinário, mas eu precisva de alguma coisa mais light, no pós Babel e Pecados Íntimos.

quinta-feira, março 01, 2007

Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga