terça-feira, junho 27, 2017
The most important stories often go unnoticed, and the European Blogging Contest is focused on unearthing the stories that are rarely told - the stories of people who inspire change. We're calling every blogger and aspiring journalist to enter the competition for a chance to win a trip to Brussels and experience the EU as an embedded reporter for 3 days as well as a training in mobile and storytelling-based journalism. Read the rules at : bit.ly/EUblogContest
http://ec.europa.eu/regional_policy/en/policy/communication/euinmyregion/blogging
sábado, julho 10, 2010
Por que raios dizer “I am going nowhere fast” soa muito melhor do que proferir, na língua de Camões, “estou a caminhar a passos largos para o vazio”? O problema deve ser do poeta. Ou da língua portuguesa. Ou de ambos. O melhor mesmo é falarmos todos em inglês, até porque qualquer marialva que se preze sabe dizer "I love you oh jeitosa!". Não é o sonho de qualquer mulher?
segunda-feira, junho 28, 2010
Confesso publicamente a minha admiração por todos aqueles que, passados tantos anos, continuam a postar regularmente. Eu tive uma branca de vários meses. Falhou-me a inspiração. Não me apeteceu mesmo escrever. Não há outra desculpa. Estava (e estou) farta de passar horas frente ao computador. Cansei-me de escrever a metro para jornais e revistas.
A notícia (boa ou má, ainda estou indecisa) é que decidi revitalizar este espaço. Vou voltar a desabafar parvoíces, escrever rascunhos que devia deitar fora mas que, ainda assim, me ajudam a arrumar o cérebro. É isso que o meu blog faz: arruma-me o cérebro. Continuo sem encontrar respostas para a maioria das questões que aqui fiz, mas formulá-las é sempre algo de positivo. Por isso ainda me atrevo a escrever… Agora que o meu autor português preferido não vai publicar mais livros fiquei com um vaziozinho estúpido. Quem é que agora me vai dizer “se podes olhar vê, se podes ver repara?”. Quem é que me vai explicar que se pode procurar Deus a vida toda e nunca o encontrar?
A notícia (boa ou má, ainda estou indecisa) é que decidi revitalizar este espaço. Vou voltar a desabafar parvoíces, escrever rascunhos que devia deitar fora mas que, ainda assim, me ajudam a arrumar o cérebro. É isso que o meu blog faz: arruma-me o cérebro. Continuo sem encontrar respostas para a maioria das questões que aqui fiz, mas formulá-las é sempre algo de positivo. Por isso ainda me atrevo a escrever… Agora que o meu autor português preferido não vai publicar mais livros fiquei com um vaziozinho estúpido. Quem é que agora me vai dizer “se podes olhar vê, se podes ver repara?”. Quem é que me vai explicar que se pode procurar Deus a vida toda e nunca o encontrar?
quinta-feira, abril 22, 2010
Eu quero ir a Nova Iorque, passear naquelas ruas, entrar nos cafés, livrarias e lojas de vinis, beber copos nos clubes de jazz, esbarrar no Woody Allen e dizer-lhe: "Woody, darling, it doesn's matter what they say. I will always love you!" (no sentido mais artístico e platónico do termo, claro!)
Os filmes dele podem ser todos iguais, mas eu gosto de um homem fiel a si próprio. Sobretudo quando se tem tão bom gosto.
terça-feira, fevereiro 16, 2010
Les chansons d'amour
O amor é uma ilusão e as relações caem inevitavelmente na rotina. Passo a vida a ouvir a frase, enquanto os casais em que aposto me vão fazendo perder o optimismo. Depois penso… será que a rotina é assim tão negativa? Será que estarmos juntos por hábito é um mau sintoma? Duas pessoas vivem juntas vários anos, conhecem os defeitos e as virtudes de cada um, sobrevivem às discussões e aos maus momentos, partilham as alegrias e as vitórias, têm filhos juntos, ou não têm filhos juntos. Deixaram de saber viver uma sem a outra. Sabem a que horas o outro se levanta a meio da noite, sabem o que significa cada gesto, sabem quanto tempo o mau humor vai demorar a passar. Não partilham os mesmos gostos e, ainda assim, insistem em manter-se juntas. Por hábito. Porque já não saberiam sequer atravessar a rua sem a presença/ausência do outro. Porque já não saberiam que livro ler, que filme ver, que perfume usar, que camisola vestir. Porque já não saberiam viver um sem o outro. Por hábito.
Não será o hábito o amor? Não estarão os que não conseguem habituar-se aos gostos, defeitos e virtudes de cada um, condenados ao fracasso? Não estarão aqueles que se habituam realmente apaixonados?
Quando o hábito surge… não nascerá o verdadeiro amor?
Ama-me menos, mas ama-me durante mais tempo… Súplica final do filme de ontem à noite
terça-feira, janeiro 26, 2010
Julie & Julia
You are the butter to my bread and the breath to my life.
O filme é delicioso. Como se o protagonismo da Meryl Streep não bastasse, temos Nova Iorque, Paris, a blogoesfera e as mudanças radicais à procura de sonhos e das coisas boas da vida que nos preenchem.
Não se tornou um dos filmes da minha vida, mas a verdade é que há muito não saía tão bem disposta de uma sala de cinema.
domingo, janeiro 17, 2010
Lola
Pus um post no computador para não esquecer: Mudar de Vida! E durante escassos dias da minha semana até consegui fazê-lo. Ri às gargalhadas, cantei as músicas da RFM (sim, eu gosto do Karma Chameleon do Boy George, e nada me deixa mais eufórica do que uma esganiçada Dancing Queen dos Abba). Já oiço desse lado o escárnio e o mal dizer. Paciência. Foram uns dias melhores.
Mas agora somam-se os montes de trabalhos para fazer; diminuem-se as horas de sono e de vegetação frente ao televisor numa interminável maratona de cinema e pipocas; a conta bancária continua a não permitir grandes viagens e, tortura das torturas, chove e faz tanto vento que a minha cadela se encolhe só de chegar à janela: “Não me ponhas lá fora!”
E lembro-me que perto de algumas pessoas que vagueiam por este mundo, a chuva torrencial assemelha-se a uma tarde de Agosto na praia, totalmente inofensiva. E deixo-a ficar cá dentro. Enquanto for assim pequenina posso tentar protegê-la.
quarta-feira, setembro 30, 2009
Perigosa intuição
Porque é que nos filmes de ficção científica, passados no futuro, as pessoas estão sempre tristes?
quarta-feira, setembro 09, 2009
A desculpa que eu precisava para não deixar de comer doces
- Amor... Estou mais gorda...
- Não faz mal. Assim tenho mais centímetros para amar!
- Não faz mal. Assim tenho mais centímetros para amar!
domingo, agosto 02, 2009
Apontamento
Margarida Pinto é vocalista de um projecto partilhado com Miguel Cardona, os Coldfinger. Esta versão do poema de Álvaro de Campos é maravilhosa. Feliz reencontro nas minhas pesquisas pelo youtube.
quinta-feira, julho 30, 2009
A felicidade, meu amor, é da cor do nosso quarto com as persianas fechadas. Cheira a domingo de manhã e sabe a cheesecake de frutos silvestres. A felicidade, meu amor, planeia-se, constrói-se e alcança-se. Planeia-se como umas férias, constrói-se como uma parede e alcança-se como um objectivo. A felicidade, meu amor, é a minha cabeça no teu ombro.
quarta-feira, julho 22, 2009
quinta-feira, julho 16, 2009
O momento de desinspiração parecia incontornável e eterno. Nada lhe permitia escrever mais uma linha, definir mais um personagem, revelar mais alguns traços essenciais. O momento deveu-se a uma despedida não concretizada.
Dizem-me que não existe qualquer critério de justiça na morte. Acredito, mas nada extermina as saudades nem a incompreensão. A memória, essa conservação selectiva que deveria atribuir valor ao realmente importante, trataria de conservar todos os momentos. Não foi assim.
Nunca acreditaste que as coisas iam ter um fim. Também por isso, nunca acreditei. Escusam de me tentar dizer que não foi isso que aconteceu, que estás aí a ouvir-me, que vais permanecer para sempre connosco. Não acredito. Achava que as pessoas como tu eram imortais e afinal não o são. Já não acredito em nada do que me dizem. Tu também tinhas a certeza que tudo ia ficar bem. E não ficou.
Dizem-me que não existe qualquer critério de justiça na morte. Acredito, mas nada extermina as saudades nem a incompreensão. A memória, essa conservação selectiva que deveria atribuir valor ao realmente importante, trataria de conservar todos os momentos. Não foi assim.
Nunca acreditaste que as coisas iam ter um fim. Também por isso, nunca acreditei. Escusam de me tentar dizer que não foi isso que aconteceu, que estás aí a ouvir-me, que vais permanecer para sempre connosco. Não acredito. Achava que as pessoas como tu eram imortais e afinal não o são. Já não acredito em nada do que me dizem. Tu também tinhas a certeza que tudo ia ficar bem. E não ficou.
sábado, março 21, 2009
Revolutionary Road
Antes do filme: Tinha medo que me “assentasse a carapuça”.
Agora: Tenho medo do tempo que passa e não aproveito. Tenho medo dos sonhos que se tornam rotinas ou pesadelos. Tenho medo de não saber escrever. Tenho medo de não te encontrar e de já te ter encontrado. Tenho medo de saber o que quero e de não saber. Tenho medo que não existam finais felizes. Tenho medo que o filme seja verdade.
Não se pode tentar acordá-lo?
De acordo com dados da ONU, todos os dias 7400 pessoas são infectadas com o vírus da sida.
O vírus já infectou 33 milhões de pessoas, dois terços das quais vivem na África subsariana.
Como é que alguém chega a este continente e diz que "o problema da sida não se resolve com o uso do preservativo. Pelo contrário, o seu uso agrava o problema!"???
O objectivo deste post não é ferir susceptibilidades, é mesmo só DESPERTAR CONSCIÊNCIAS!!
Como é que se transporta um líder espiritual para o século XXI?
Como é que se explica, a quem escuta o senhor que profere a barbaridade acima citada, que este teve apenas mais um delírio motivado por uma gravíssima febre tropical?
Dúvidas que me perseguem e que não podia deixar de partilhar.
Não se pode tentar acordá-lo?
O vírus já infectou 33 milhões de pessoas, dois terços das quais vivem na África subsariana.
Como é que alguém chega a este continente e diz que "o problema da sida não se resolve com o uso do preservativo. Pelo contrário, o seu uso agrava o problema!"???
O objectivo deste post não é ferir susceptibilidades, é mesmo só DESPERTAR CONSCIÊNCIAS!!
Como é que se transporta um líder espiritual para o século XXI?
Como é que se explica, a quem escuta o senhor que profere a barbaridade acima citada, que este teve apenas mais um delírio motivado por uma gravíssima febre tropical?
Dúvidas que me perseguem e que não podia deixar de partilhar.
Não se pode tentar acordá-lo?
domingo, fevereiro 22, 2009
Pérola
Passamos a vida a lamentar os quilos a mais, os cansativos caracóis, a vontade imensa de comer chocolate, o stress do dia-a-dia, o imenso trabalho, o cansaço que sentimos ao fim de uma maratona de mais 14 horas frente a um computador, até passarmos por um blog de alguém que nos lembra como é bom ter cabelo, apetite, emprego, capacidade de trabalho e uma família despreocupada com o nosso estado de saúde porque, aifnal de contas, uns quilos a mais não passam disso mesmo e a estética não é a coisa mais importante da vida.
http://naminhaconcha-perola.blogspot.com
Por me lembrares de tudo isto, em troca só posso mesmo lembrar-te como é bom ter essa vontade de viver, essa família que te adora, esse super-marido que te ama incondicionalmente, esses dias para pensares e reflectires sobre as coisas verdadeiramente importantes na vida.
Estou a torcer por ti Pérola. Pode parecer um lugar-comum (que se dane, eu gosto de lugares-comuns): sei que vais vencer mais esta batalha.
http://naminhaconcha-perola.blogspot.com
Por me lembrares de tudo isto, em troca só posso mesmo lembrar-te como é bom ter essa vontade de viver, essa família que te adora, esse super-marido que te ama incondicionalmente, esses dias para pensares e reflectires sobre as coisas verdadeiramente importantes na vida.
Estou a torcer por ti Pérola. Pode parecer um lugar-comum (que se dane, eu gosto de lugares-comuns): sei que vais vencer mais esta batalha.
domingo, fevereiro 08, 2009
A casa que aparece nos sonhos é a minha casa, a mesma que aparece nas definições, nas moradas fiscais, nas correspondências com publicidade. A casa que aparece nos sonhos é a minha casa, aquela onde não vivo sozinha, onde não pago contas, onde durmo na mesma cama de há 15 anos, onde não tenho lugar na garagem. A casa que aparece nos sonhos é a minha casa, onde só vivi até aos 18, de onde queria sair à noite aos 14, 15, 16 e 17, onde construí uma fortaleza no lugar do quarto, onde os lençóis de linho escondiam um diário quando a porta abria, onde a almofada ouviu e guardou alguns segredos. Não gostou de todos, criticou muitos deles, como a paixoneta pela paixoneta da prima, o primeiro cigarro e a crise de asma consequente. A casa que aparece nos sonhos é a minha casa, não aquela onde passo a maior parte do tempo, mas aquela onde cresci, vivi os primeiros amores, as primeiras desilusões, os melhores amigos, os outros, os que já esqueci, os que ficaram, os que merecem e os outros. A casa que aparece nos sonhos é a minha casa.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
ps i love you
É estranho como a vida consegue ter o extraordinário poder de síntese de resumir tudo a um simples: "foi para Angola", "casou", "separou-se", "teve uma menina", "nunca mais a vi", como se as pessoas não tivessem mais vida para além de terem casado, terem terminado o curso, terem começado a trabalhar, terem deixado de se encontrar. E talvez não tenham mesmo e, no fim, o que realmente importa é que alguém lhes possa resumir a existência a uma coisa menos trágica do que um simples "morreu". Porque aí não adianta saber se chegou a casar, ter filhos, separar-se, acabado o curso, pago as contas. Aí fico parada a pensar no que fazia antes de saber que a vida termina.
domingo, janeiro 11, 2009
Dia 11 de Janeiro e já me fartei de violar a resolução de Ano Novo. Este fim-de-semana vi uns 283 episódios de Grey's Anatomy. Sinto-me como alguém que decide começar a fazer dieta e é apanhada a devorar uma caixa de chocolates, ou como alguém que deixou de fumar e é apanhada de cigarro na mão (ou, mais grave, na boca)! A boa notícia é que, apesar de confusos, eles também buscam um bocadinho de estabilidade. Hoje Addison Montgomery (a primeira mulher do Dr. McDreamy) disse que queria alguém que lhe preparasse churrascos e ensinasse os miúdos a jogar à apanhada. Podem vir dois? Um para mim e outro para a senhora?
sexta-feira, dezembro 26, 2008
Resolução de Ano Novo: Não voltar a assistir a episódios de séries parvas sobre pessoas que se amam e não se amam e que são tão iguaizinhas a ti que até irritam. Cinquenta e dois segundos sem respirar é muita coisa mesmo para uma asmática. E se, por um mero acaso, te lembrares de repetir a graça com a desculpa do "estava a fazer zapping" lembra-te que tens mais cento e tal canais que pagas e nunca vês. Cada um deles é bem capaz de contar histórias de amor de pessoas normais, daquelas que se amam e casam e têm filhos e vivem felizes para sempre, daquelas em que tu nunca te vais tornar enquanto não parares de escrever estes posts idiotas.
quarta-feira, dezembro 24, 2008
Não é segredo para ninguém: esta não é a época do ano que eu mais gosto. Ainda assim, desejar alguma coisa de Feliz às pessoas parece-me um bom princípio, mesmo que seja um Natal. Mas eu desejo-vos mesmo é um Feliz. Pode ser "momento alargado por vários anos de vida"? Eles também passar a correr, não me parece pedir muito. Feliz! Para todos.
domingo, dezembro 21, 2008
Nunca lhe disse que a amo? Não, porquê? É grave? Também nunca lhe disse que a fotografo, que a beijo, que a harmonizo, que a compreendo, que a observo, que a desenho, que a escrevo, que a corro, que a nado, que a desperto, que a lençol, que a cama, que a chão, que a café, que a chocolate, que a mimo, que a possuo, que a cozinho, que a abro, que a fecho, que a canto, que a oiço, que a desempenho, que a toco na guitarra. Se calhar ela ainda não sabe. Achas que ela pode ainda não saber?
quarta-feira, novembro 26, 2008
Deixo o computador ligado, num texto inacabado. Regresso e a última linha mantém-se igual, suspensa numa ideia que tento retomar.
Deixo o computador ligado, num texto inacabado. Regresso e a última linha diz “andaste a vaguear no meu pensamento todos os minutos dos últimos dias”.
Chamam-me à recepção porque alguém quer falar comigo. Um comercial de uma companhia telefónica apresenta-me os melhores tarifários do mercado.
Chamam-me à recepção porque alguém quer falar comigo. Um estafeta entrega um ramo de flores com o seguinte cartão: “esperava que a surpresa pusesse esses olhos a brilhar”.
Saio do escritório e digo adeus, até amanhã. Desço as escadas, entro no carro e regresso a casa.
Saio do escritório e digo adeus, até amanhã. Nas escadas, seguras-me o braço e perguntas “porque estamos a ser parvos?”. Antes de te responder já me tapaste a boca com um beijo que não conseguimos adiar por mais tempo.
Deixo o computador ligado, num texto inacabado. Regresso e a última linha diz “andaste a vaguear no meu pensamento todos os minutos dos últimos dias”.
Chamam-me à recepção porque alguém quer falar comigo. Um comercial de uma companhia telefónica apresenta-me os melhores tarifários do mercado.
Chamam-me à recepção porque alguém quer falar comigo. Um estafeta entrega um ramo de flores com o seguinte cartão: “esperava que a surpresa pusesse esses olhos a brilhar”.
Saio do escritório e digo adeus, até amanhã. Desço as escadas, entro no carro e regresso a casa.
Saio do escritório e digo adeus, até amanhã. Nas escadas, seguras-me o braço e perguntas “porque estamos a ser parvos?”. Antes de te responder já me tapaste a boca com um beijo que não conseguimos adiar por mais tempo.
domingo, novembro 09, 2008
Sabes qual é a grande vantagem de dar com a cabeça na parede, sofrer uma imensa desilusão, achar que o mundo acabou e que o melhor é ficar sozinho para sempre? É descobrir que, até ao momento, nunca se tinha conhecido ninguém por quem valesse a pena sacrificar o prazer de estar só. E ter a certeza que a partir dali começa a valer.
quarta-feira, novembro 05, 2008
Tristes, românticos e nostálgicos
A partir de agora poderão visitar-me também aqui:
http://esfhp9598.blogspot.com
Tertúlia de amigos nostálgicos de uma cidade à beira serra plantada, que gostam de se reunir de vez em quando para dizerem uns aos outros que estão sempre lá quando são precisos. E quando não são também!
Coisas Boas da Vida: as fatias de bolo de chocolate da irmã do Cadeado. Muito Boas mesmo! Sim, o próprio do Cadeado e os restantes convidados também são coisas muito boas da minha vida, mas isso eles já sabem...
http://esfhp9598.blogspot.com
Tertúlia de amigos nostálgicos de uma cidade à beira serra plantada, que gostam de se reunir de vez em quando para dizerem uns aos outros que estão sempre lá quando são precisos. E quando não são também!
Coisas Boas da Vida: as fatias de bolo de chocolate da irmã do Cadeado. Muito Boas mesmo! Sim, o próprio do Cadeado e os restantes convidados também são coisas muito boas da minha vida, mas isso eles já sabem...
segunda-feira, novembro 03, 2008
O que é que se faz quando todos os elogios começam a soar iguais? Quando todas as desculpas são boas para não se trocar o número de telefone? Quando todos os convites parecem mais desinteressantes do que um serão no sofá embrulhada em três cobertores? Quando nenhum café parece mais tentador que o chá de cidreira? Quando prefiro peixe cozido e bróculos a uma pizza quatro queijos? Quando nenhuma música ao vivo soa melhor que a minha aparelhagem? Quando se prefere uma passagem pela Blockbuster mais próxima a uma ida ao cinema? Quando um mais um se tornam algarismos impossíveis de somar? Quando a descrença se tornou confortável e inabalável? Quando o pessimismo deu lugar ao nem querer saber? O que é que se faz?
sábado, outubro 25, 2008
Impossibilitada de fazer mais comentários
As (in)consequências de um zapping tardio. A rapariga entrou-me em casa com uma declaração destas, às tantas da noite, sem pedir licença. A boa notícia é que o episódio acabou e nem eu nem ela fizemos outro disparate maior.
domingo, outubro 12, 2008
Ainda Elizabethtown 2
Sem querer manifestar aqui nenhuma posição política, até porque acho cada vez mais difícil acreditar em promessas eleitorais (tendência aprofundada com os anos, que acompanha o ritmo alucinante do aparecimento dos primeiros cabelos brancos e rugas de expressão) mas acho que os homossexuais também têm todo o direito de fazer esta cara de parvos ao telefone. Mais ainda, sacrilégio dos sacrilégios, acho que eles têm todo o direito de tentar viver felizes para sempre, jurar à cara-metade que vão fazer os possíveis para que isso aconteça e ASSINAR A PORCARIA DE UM PAPEL QUE COMPROVA QUE O FIZERAM!
Sim, a minha descrença, bem como o meu tom de voz, estão a aumentar. Admito que existem ainda algumas (honrosas) excepções, daquelas capazes de se levantar em plena Assembleia, contrariando a tendência natural do seu Partido. As mesmas que fazem ver uma luzinha ao fundo de um túnel que se diz socialista, de esquerda, democrático e respeitador dos direitos humanos.
Sim, a minha descrença, bem como o meu tom de voz, estão a aumentar. Admito que existem ainda algumas (honrosas) excepções, daquelas capazes de se levantar em plena Assembleia, contrariando a tendência natural do seu Partido. As mesmas que fazem ver uma luzinha ao fundo de um túnel que se diz socialista, de esquerda, democrático e respeitador dos direitos humanos.
Ainda Elizabethtown
E as saudades que eu tenho de fazer esta cara de parva por estar horas pendurada ao telefone? E as saudades que eu tenho daqueles momentos em que não se diz nada por já se ter dito tudo? E as saudades que eu tenho de ninguém conseguir desligar? Sim, essas saudades todas... O que é que eu faço com elas? Alguém me consegue explicar?
terça-feira, outubro 07, 2008
Elizabethtown
«Most of the sex I have had in my life was not as personal as that kiss».
Os primeiros 90 minutos do filme são um completo disparate. Drew Baylor (Orlando Bloom) é um promissor executivo de uma bem sucedida multinacional de calçado, até ao dia em que é responsável por um fiasco que irá custar à empresa mil milhões de dólares. Isto é o que diz a sinopse. Tirei dois minutos da minha vida para ter pena do rapazinho, coitado (assume-se aqui, publicamente, uma certa implicância com o mesmo)!
Prestes a cometer suicício, recebe uma chamada da irmã que o informa da morte do pai, acontecimento que, ainda segundo a sinopse, o faz iniciar uma viagem de redescoberta interior. Mas nem um chinês teria paciência para a quantidade de disparates que lhe vão acontecendo. A crítica aplaudiu o rapazinho. O Coisas Boas da Vida acha que, se não fossem Kirsten Dunst e Susan Sarandon, o rapazinho estava bem tramado!
É suposto que o filme seja uma comédia romântica, mas a história em si não tem grande piada. No entanto, voltava a alugar (se fosse preciso, voltava mesmo a ouvir a piadinha do rapaz do video clube que me aconselhou a não ver sozinha) só para relembrar algumas citações interessantes, como a primeira e as últimas deste post:
«I'm impossible to forget, but I'm hard to remeber!»
«I'm going to miss your lips. And everything attached to them.»
«You know the way people look at you as if it's the last time? I've started collecting these looks.»
«I don't know a lot about everything, but I do know a lot about the part of everything that I know, which is people.»
quarta-feira, outubro 01, 2008
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
quinta-feira, setembro 25, 2008
Fim
No princípio, achava piada a todas as nossas diferenças. As coisas que ele sabia: a capital do Botswana, os nomes de todos os reis de Portugal, a distância da Terra ao Sol, os poemas de Herberto Hélder, as teorias filosóficas de Hegel, Nietzsche e Schopenhauer, as sinfonias de Bach…
Eu sou cabeleireira, podem perguntar-me tudo sobre tintas, técnicas de brushing, massagens capilares, que eu respondo. O que tínhamos em comum? Nada. Mas eu gostava que assim fosse, e os nossos filhos também. Perguntas intelectuais faziam ao pai. Coisas assim mais práticas já sabiam que tinha que ser eu a resolver.
As pessoas costumavam dizer «Equilibram-se um ao outro». E equilibrávamos. Éramos um casal lindo de morrer, uma família tão feliz que só visto. Ninguém desconfiava.
Até ao dia em que nos separámos.
«O que se passou?» perguntaram algumas almas escandalizadas, mais curiosas do que propriamente com vontade de ajudar no que fosse preciso. Pouco tempo depois já tinham caído em si e alterado a exclamação: «Realmente, eles sempre foram muito diferentes! Como é que podia ter resultado?»
Nada disso. Eu gostava das nossas diferenças. Durante muitos anos fui feliz. Agora, simplesmente, acabou o amor. Não adianta inventar desculpas. Não me cansei de ser eu a mudar lâmpadas, pendurar quadros, planear as férias, pagar as contas da casa, tomar decisões. Também sei que ele continua a gostar da minha falta de cultura geral, a que, muito carinhosamente, sempre chamou pragmatismo. Mas já não nos amamos. Não estou feliz por ter chegado a esta conclusão, mas não há outra desculpa. Simplesmente acabou.
Eu sou cabeleireira, podem perguntar-me tudo sobre tintas, técnicas de brushing, massagens capilares, que eu respondo. O que tínhamos em comum? Nada. Mas eu gostava que assim fosse, e os nossos filhos também. Perguntas intelectuais faziam ao pai. Coisas assim mais práticas já sabiam que tinha que ser eu a resolver.
As pessoas costumavam dizer «Equilibram-se um ao outro». E equilibrávamos. Éramos um casal lindo de morrer, uma família tão feliz que só visto. Ninguém desconfiava.
Até ao dia em que nos separámos.
«O que se passou?» perguntaram algumas almas escandalizadas, mais curiosas do que propriamente com vontade de ajudar no que fosse preciso. Pouco tempo depois já tinham caído em si e alterado a exclamação: «Realmente, eles sempre foram muito diferentes! Como é que podia ter resultado?»
Nada disso. Eu gostava das nossas diferenças. Durante muitos anos fui feliz. Agora, simplesmente, acabou o amor. Não adianta inventar desculpas. Não me cansei de ser eu a mudar lâmpadas, pendurar quadros, planear as férias, pagar as contas da casa, tomar decisões. Também sei que ele continua a gostar da minha falta de cultura geral, a que, muito carinhosamente, sempre chamou pragmatismo. Mas já não nos amamos. Não estou feliz por ter chegado a esta conclusão, mas não há outra desculpa. Simplesmente acabou.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Mamma Mia
O filme vale pelo solo desafinado da minha actriz preferida. No fim da sessão, baralho o calendário e tenho dúvidas existenciais. Uma música escrita nos anos 60 que antevia um final de Verão do século XXI? Premonição ou repetição de vidas, situações e sentimentos? O egoísmo vence e escolhe a primeira opção. Esta história é única, irrepetível.
segunda-feira, setembro 15, 2008
quinta-feira, setembro 11, 2008
Carteira, chaves, telemóvel, óculos, bomba de ar, lenços de papel, pastilhas para a garganta. Está tudo. Por que é que tenho a sensação que me estou a esquecer de alguma coisa? Onde é que eu deixei o que falta de mim?
terça-feira, setembro 09, 2008
Verão 2008
Os meses de Verão foram equivalentes a muitos quilómetros de estrada e muitas passagens pelas rádios nacionais. A produção portuguesa, felizmente, esteve melhor que há dois anos atrás, quando André Sardet resolveu reciclar, em acústico, um antigo êxito seu que parecia perseguir-me por todo o lado. Que me perdoem os fãs, mas nunca consegui achar brilhante uma declaração de amor que dissesse «Eu não sei o que me aconteceu, foi feitiço o que é que me deu, para gostar tanto assim de alguém como tu…». Como tu? E o surpreendente é que muitos casais perdidamente apaixonados e felizes com os seus companheiros, não se cansavam de dizer isto um ao outro. «Como tu?» Quem é que o rapaz se julga?
Felizmente 2008 trouxe mais e melhores novidades na língua de Camões. Os Klepht, uma banda de Lisboa que jura a pés juntos ter começado a fazer música por mero acaso, conquistaram-me com uma letra simples, uma voz poderosa e uma balada que relembra os saudosos anos 90, para dançar abraçadinha ao primeiro amor, nas festas das quartas-feiras à tarde. O videoclip também é despretencioso, num hino às coisas muito boas da vida.
Rasgas-me a roupa sem qualquer pudor
Enquanto buscas o ar pela boca
Passeias o teu cheiro no meu corpo
Por entre os braços, misturo tudo
Após o prazer ficaremos mudos
Sem saber
Se é por uma noite…
Outra (muito agradável) surpresa deste Verão foi a junção de alguns ex-membros dos Ornatos Violeta e dos Blunder no projecto Perfume. Com sotaque do Norte, Rui Veloso deu uma mãozinha e, em conjunto, produziram Intervalo. Ninguém quer deixar uma história de amor a meio, sobretudo quando se acredita que ainda há tanto para dar e tantos momentos para ser feliz!
Não me deixes
Na história que não terminou
Não me deixes
No livro que eu não li
No filme que eu não vi
Na foto onde eu não entrei
Notícia do jornal
O quadro minimal
Sou eu.
Felizmente 2008 trouxe mais e melhores novidades na língua de Camões. Os Klepht, uma banda de Lisboa que jura a pés juntos ter começado a fazer música por mero acaso, conquistaram-me com uma letra simples, uma voz poderosa e uma balada que relembra os saudosos anos 90, para dançar abraçadinha ao primeiro amor, nas festas das quartas-feiras à tarde. O videoclip também é despretencioso, num hino às coisas muito boas da vida.
Rasgas-me a roupa sem qualquer pudor
Enquanto buscas o ar pela boca
Passeias o teu cheiro no meu corpo
Por entre os braços, misturo tudo
Após o prazer ficaremos mudos
Sem saber
Se é por uma noite…
Outra (muito agradável) surpresa deste Verão foi a junção de alguns ex-membros dos Ornatos Violeta e dos Blunder no projecto Perfume. Com sotaque do Norte, Rui Veloso deu uma mãozinha e, em conjunto, produziram Intervalo. Ninguém quer deixar uma história de amor a meio, sobretudo quando se acredita que ainda há tanto para dar e tantos momentos para ser feliz!
Não me deixes
Na história que não terminou
Não me deixes
No livro que eu não li
No filme que eu não vi
Na foto onde eu não entrei
Notícia do jornal
O quadro minimal
Sou eu.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Chuva
As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade
Só as lembranças que doem ou fazem sorrir
Há gente que fica na história da história da gente
E outras de quem nem o nome lembramos ouvir...
Pedimos emprestadas as palavras ao fado e escolhemos a banda sonora de um momento perfeito, a música de uma vida que deu tantas voltas.
Podia escrever um livro com 200 páginas que contasse uma história de amor, mas elas não conseguiriam dizer mais que estas quatro linhas.
quinta-feira, setembro 04, 2008
Acordei feliz.
Não tinha despertador.
Abri e voltei a fechar os olhos com a serenidade de um dia especial. Espreguicei-me. Voltei-me para o outro lado e continuavas ali. Vivi a magia do momento, prolonguei o carinho da noite passada.
Tu. Abriste os olhos com a serenidade de um dia especial. Olhaste para mim como se não existisse mundo lá fora.
Passados alguns segundos, quando realmente acordo, o sonho desfaz-se, mas a desilusão não custa. Foram segundos maravilhosos.
Não tinha despertador.
Abri e voltei a fechar os olhos com a serenidade de um dia especial. Espreguicei-me. Voltei-me para o outro lado e continuavas ali. Vivi a magia do momento, prolonguei o carinho da noite passada.
Tu. Abriste os olhos com a serenidade de um dia especial. Olhaste para mim como se não existisse mundo lá fora.
Passados alguns segundos, quando realmente acordo, o sonho desfaz-se, mas a desilusão não custa. Foram segundos maravilhosos.
segunda-feira, setembro 01, 2008
«Primera Lectura: Cantar de los Cantares 8, 6-7
Grábame como sello en tu corazón, como sello en tu brazo, porque el amor es más fuerte que la muerte, la pasión mas implacable que el abismo.
Sus llamas son flechas de fuego, llamarada divina. Los océanos no podrán apagar el amor, ni los ríos anegarlo.
Palabra de Dios.»
Grábame como sello en tu corazón, como sello en tu brazo, porque el amor es más fuerte que la muerte, la pasión mas implacable que el abismo.
Sus llamas son flechas de fuego, llamarada divina. Los océanos no podrán apagar el amor, ni los ríos anegarlo.
Palabra de Dios.»
quinta-feira, agosto 28, 2008
Encontraram-se na esquina do instante e cruzaram-se no intervalo de uma vida. Olharam, sentiram, disseram que não, depois disseram que sim. Ninguém deu por nada, tal a brevidade do momento. Coisas que acontecem em milhões de outras esquinas, espalhadas pelos intervalos de tantas outras vidas. Não há que atribuir importância ao assunto, tal a (in)vulgaridade da situação. No dia seguinte, a vida (a real, a que interessa, a visível) tem de continuar. É para isso que servem o trabalho, os jantares de família, as contas a pagar, os amigos, os sorrisos, as idas ao shopping. Para os manterem acordados e realistas. «Esquece lá isso». Tão fácil de dizer não é?
sábado, agosto 23, 2008
Nélson Évora
Coisas Boas da Vida... e não estou só a falar da medalha de ouro, do patriotismo ou do hino nacional. Estava mesmo a referir-me ao rapaz em si... Coisa Muito Boa desta Vida! Para além de lindo e igualmente fantástico sem t-shirt, ainda é modesto, não se queixa da pressão dos jornalistas, diverte-se com aquilo que faz e não passa a vida a lamentar o salário de 1000 euros... Enfim, uma verdadeira jóia africana.
M. hoje sinto-me particularmente generosa: fica com o nadador (que até está a passar férias no Algarve). Não contes é que a minha generosidade se mantenha, caso este rapazinho me apareça pela frente... Por ele, eu tornava-me particularmente egoísta: meu, meu e meu!
M. hoje sinto-me particularmente generosa: fica com o nadador (que até está a passar férias no Algarve). Não contes é que a minha generosidade se mantenha, caso este rapazinho me apareça pela frente... Por ele, eu tornava-me particularmente egoísta: meu, meu e meu!
quinta-feira, agosto 21, 2008
Michael Phelps
É a esperança de todas as mães de crianças hiperactivas. Feliz ideia, a da progenitora deste belo espécime: seguiu o conselho médico e matriculou o filho nas aulas de natação. Uns aninhos depois o rapaz passe1a-se por Pequim com este belo tronco onde já foram penduradas oito medalhas. Sim, pensando bem, «a esta hora estava-se mesmo bem na caminha...».
PS: Post enviado directamente para os Açores, por onde se diz que os últimos posts deste blog levaram às lágrimas uma covilhanense saudosista. Amiga, espero que aprecies a mudança de assunto. Uma imagem destas vale bem mais que mil palavras! Beijo grande
PS: Post enviado directamente para os Açores, por onde se diz que os últimos posts deste blog levaram às lágrimas uma covilhanense saudosista. Amiga, espero que aprecies a mudança de assunto. Uma imagem destas vale bem mais que mil palavras! Beijo grande
domingo, agosto 10, 2008
Nunca tinha acreditado no amor à primeira vista. Para dizer a verdade, começava a duvidar da existência do mesmo à segunda, à terceira, à quarta,… Ou melhor, não seria propriamente duvidar da sua existência, era mais pensar que, sendo um sentimento tão nobre quanto o descreviam, dificilmente teria a sorte de o viver.
Depois, a ironia começava a tomar-lhe conta dos dias. A paciência para os filmes românticos, para as histórias das amigas e para os exageros próprios de seres apaixonados começava a esgotar-se. O que levava algumas pessoas a perder a cabeça, realizar perseguições sem tréguas, lutar por algo que acreditavam pertencer-lhes? A dependência de alguém assustava-a de morte.
Mantinha-se na ignorância, ouvia e tentava ajudar, sem nunca se identificar com tamanhos exageros. Mas a distância que mantinha em relação a tudo (a mesma que parecia tranquilizar algumas pessoas, transmitindo-lhes a calma necessária para chegar a algumas conclusões) começava a assustá-la. Podia ser frieza, insensibilidade. Até que um dia percebeu que era apenas uma forma diferente de encarar as coisas, uma forma mais zen e mais livre de amar. Nem por isso menos dolorosa.
- Espero que a conversa corra bem e que possam resolver todos os vossos problemas.
- Estás a ser irónica?
Não estava. Naquele momento, vinha-lhe à memória uma música antiga, que passava a ter novo significado...
They say if you love somebody
Then you have got to set them free
Nos dias seguintes recordou os outros versos, os que custavam mais a lembrar.
But I would rather be locked to you
Than live in this pain and misery
They say that time will make all this go away
But it's time that has taken my tomorrows and turned them into yesterday
And once again that rising sun is a droppin' on down
And once again you my friend are no where to be found
(Walk away – Ben Harper)
Depois, a ironia começava a tomar-lhe conta dos dias. A paciência para os filmes românticos, para as histórias das amigas e para os exageros próprios de seres apaixonados começava a esgotar-se. O que levava algumas pessoas a perder a cabeça, realizar perseguições sem tréguas, lutar por algo que acreditavam pertencer-lhes? A dependência de alguém assustava-a de morte.
Mantinha-se na ignorância, ouvia e tentava ajudar, sem nunca se identificar com tamanhos exageros. Mas a distância que mantinha em relação a tudo (a mesma que parecia tranquilizar algumas pessoas, transmitindo-lhes a calma necessária para chegar a algumas conclusões) começava a assustá-la. Podia ser frieza, insensibilidade. Até que um dia percebeu que era apenas uma forma diferente de encarar as coisas, uma forma mais zen e mais livre de amar. Nem por isso menos dolorosa.
- Espero que a conversa corra bem e que possam resolver todos os vossos problemas.
- Estás a ser irónica?
Não estava. Naquele momento, vinha-lhe à memória uma música antiga, que passava a ter novo significado...
They say if you love somebody
Then you have got to set them free
Nos dias seguintes recordou os outros versos, os que custavam mais a lembrar.
But I would rather be locked to you
Than live in this pain and misery
They say that time will make all this go away
But it's time that has taken my tomorrows and turned them into yesterday
And once again that rising sun is a droppin' on down
And once again you my friend are no where to be found
(Walk away – Ben Harper)
quarta-feira, agosto 06, 2008
«Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia» (Nietzsche). A frustração que me invade quando alguém resume tão bem a tempestade que tomou conta dos últimos dias... Ahhhh!
domingo, agosto 03, 2008
SMS de alguém que já não vejo há muito tempo, na realidade dos dias que passam e dos cafés que se podem tomar: «Leio todos os dias o teu blog. Nunca consegui comentar. Acho que, à distância, consegui ficar viciado em ti. Admiro a coragem de certos posts: mesmo quando a exposição parece ser em demasia, não consigo deixar de ler. Aliás, é sobretudo aí que não consigo deixar de ler.»
Esclarecimento último, antes que me deixe vencer pelo cansaço: NEM TODOS OS POSTS DESTE BLOG SÃO AUTO-BIOGRÁFICOS. A passagem pela tecla Caps Lock foi TOTALMENTE INTENCIONAL, como se estivesse realmente a falar em voz alta.
Outras pessoas já me perguntaram por que escrevo. Não sei. Não é nenhuma forma de desabafo, não é um exorcismo da melancolia de alguns dias, não é uma manifestação da alegria de outros. Não sou a personagem principal de todos os posts. Este blog não é um devaneio de escritora frustrada, não é o princípio de um romance, não é a «vida tal como ela é», para isso teríamos os reality shows.
Escrevo porque nem sempre gosto de falar. Sim. Essa é a razão mais provável, já que não existem respostas certas.
Esclarecimento último, antes que me deixe vencer pelo cansaço: NEM TODOS OS POSTS DESTE BLOG SÃO AUTO-BIOGRÁFICOS. A passagem pela tecla Caps Lock foi TOTALMENTE INTENCIONAL, como se estivesse realmente a falar em voz alta.
Outras pessoas já me perguntaram por que escrevo. Não sei. Não é nenhuma forma de desabafo, não é um exorcismo da melancolia de alguns dias, não é uma manifestação da alegria de outros. Não sou a personagem principal de todos os posts. Este blog não é um devaneio de escritora frustrada, não é o princípio de um romance, não é a «vida tal como ela é», para isso teríamos os reality shows.
Escrevo porque nem sempre gosto de falar. Sim. Essa é a razão mais provável, já que não existem respostas certas.
terça-feira, julho 29, 2008
Déjà vu
Se a paixão for efémera e o amor uma memória, talvez o primeiro amor seja o mais perfeito, o mais puro. E se assim for, se só ele puder ser mais que tudo, é ele o único, o que não termina, aquele de quem não se pode escapar, por mais voltas que a vida dê… A teoria é formulada após dias de insistentes lembranças, reforçados pela força das saudades que não lembravam sentir, até ao dia do reencontro. Seria verdade? Só assim faria sentido aquela certeza partilhada de que o próximo beijo seria igual ao primeiro, igual ao último, igual a todos aqueles que reconstruíram separados, colocando as pontas dos dedos nos lábios e voltando a sentir-se, a estar presentes. Tinham passados anos… Se o primeiro amor fosse o mais perfeito seria o que permanece, o verdadeiro, o que justifica uma vida, o que se distingue dos outros, o que só se sente uma vez. Se um dia, à beira do rio, disserem a alguém «gosto muito de ti», enquanto trocam beijos menos inocentes que os vossos tenros anos, mesmo não sabendo que o futuro irá trazer outros caminhos, outras pessoas, outros desejos, outros corpos, tenham cuidado. Sem querer podem estar a viver o primeiro amor. Sem querer poderão um dia separar-se dele. Sem querer poderão um dia reencontrá-lo.
sexta-feira, julho 25, 2008
Pedaço de céu
À procura de nada. À procura de coisa nenhuma.
Todos os dias ao fim da tarde cumpre a mesma rotina. As sete horas diárias que pagam as contas termiram e dão lugar ao pedaço de céu. Avista-o de baixo, na horizontal, ajeitando as costas aos percalços da relva e os ouvidos aos ruídos dos pássaros, às conversas dos namorados, dos amigos e dos outros, dos que, sózinhos, também não conversam.
São 10/ 15 minutos de nada e de coisa nenhuma. Sem livros, caderno de notas ou auscultadores nos ouvidos. Sem sonhos, ambições, horas, pensamentos. Sem posições de yoga, sem guitarra, sem desculpa para estar ali. Sem nada, sem coisa nenhuma.
Nos beijos que um casal troca adivinha segredos. Na guitarra que se ouve ao fundo sente um talento sem sorte, para sempre enfiado na gaveta. No livro que vê ao fundo conspira uma história bem mais interessante que a narrada.
Não quer saber. Não amaldiçoa a sorte. Não tem saudades de outros tempos em que a rotina não tinha tomado conta do seu casamento, em que os beijos da mulher eram insuficientes, em que o tempo de prazer era muito mas sempre escasso. Está ali à procura de nada. À procura de coisa nenhuma. E sente-se bem assim.
Todos os dias ao fim da tarde cumpre a mesma rotina. As sete horas diárias que pagam as contas termiram e dão lugar ao pedaço de céu. Avista-o de baixo, na horizontal, ajeitando as costas aos percalços da relva e os ouvidos aos ruídos dos pássaros, às conversas dos namorados, dos amigos e dos outros, dos que, sózinhos, também não conversam.
São 10/ 15 minutos de nada e de coisa nenhuma. Sem livros, caderno de notas ou auscultadores nos ouvidos. Sem sonhos, ambições, horas, pensamentos. Sem posições de yoga, sem guitarra, sem desculpa para estar ali. Sem nada, sem coisa nenhuma.
Nos beijos que um casal troca adivinha segredos. Na guitarra que se ouve ao fundo sente um talento sem sorte, para sempre enfiado na gaveta. No livro que vê ao fundo conspira uma história bem mais interessante que a narrada.
Não quer saber. Não amaldiçoa a sorte. Não tem saudades de outros tempos em que a rotina não tinha tomado conta do seu casamento, em que os beijos da mulher eram insuficientes, em que o tempo de prazer era muito mas sempre escasso. Está ali à procura de nada. À procura de coisa nenhuma. E sente-se bem assim.
sábado, julho 19, 2008
Lost in Translation
E se um dia descobrir que a só a insatisfação é permanente? E se um dia perceber que a paixão dura um segundo? E se um dia tiver a perfeita noção que o amor é um lugar tão estranho que a muito poucos é dado o privilégio da permanência? E se as dúvidas nunca terminarem? E se a fidelidade for uma utopia? E se o meu espaço não puder ser partilhado? E se o meu egocentrismo vencer sempre? E se tu não existires? E se fores apenas produto da minha imaginação? E se o meu optimismo estiver errado? E se, para além disto, não existir mais nada? E se eu nunca conseguir dizer «nós»? E se a vida for só dois dias e não conseguirmos ter sequer tempo para tomar um café? E se eu nunca for capaz de o dizer? E se, quando te encontrar, não tiver chegado o momento certo? E se esse momento já tiver passado? E se já nada fizer sentido? E se não conseguirmos dizer nada? E se não podermos fazer nada? E se formos, de novo, separados? E se nenhum de nós for capaz de compreender? E se só eu perceber? E se fizermos confusão? E se o sentido das palavras que trocarmos ou não dissermos ficar perdido na tradução? E se…
domingo, julho 13, 2008
ESFHP 95-98
Cafés românticos, tristes, melancólicos. Encontros de fins-de-semana que juntam memórias, vivências, projectos e vidas que continuam a fazer sentido.
Alguém os definiu assim, como uma espécie de insulto, ecologicamente reciclado para a melhor descrição e elogio possíveis. Unidos por turmas de liceu onde as letras davam o mote e fervilhavam em mentes artísticas, filoóficas, inconformadas... Separados por cursos de direito, comunicação e outras literaturas, em cidades onde o Tejo e o Mondego passaram a guardar memórias, sem que o Zêzere e a serra deixassem de ser a nossa casa.
Anos de adaptações, crescimento, erros, revisão de prioridades, cabeçadas na parede, vitórias e lágrimas (das de alegria e das outras). Anos de decisões arriscadas, objectivos ambiciosos: a pressão de não desiludir e de corresponder às familiares expectativas. Anos em que os valores se consolidaram e nos tornámos melhores pessoas, melhores seres humanos, melhores amigos. Anos que, mesmo separados, acabámos por partilhar de alguma forma. Por isso, o nosso café é sempre romântico, triste, melancólico. Também por isso ele tem um sabor especial, ao das coisas boas da vida.
Nem todos os posts deste blog são auto-biográficos, o que equivale a dizer que a minha vida sentimental não é tão interessante quanto parece. No entanto, este post sou mesmo eu (somos mesmo nós) da primeira à última linha, o que equivale a dizer que tenho muita sorte com os Amigos que fui fazendo ao longo da vida.
Alguém os definiu assim, como uma espécie de insulto, ecologicamente reciclado para a melhor descrição e elogio possíveis. Unidos por turmas de liceu onde as letras davam o mote e fervilhavam em mentes artísticas, filoóficas, inconformadas... Separados por cursos de direito, comunicação e outras literaturas, em cidades onde o Tejo e o Mondego passaram a guardar memórias, sem que o Zêzere e a serra deixassem de ser a nossa casa.
Anos de adaptações, crescimento, erros, revisão de prioridades, cabeçadas na parede, vitórias e lágrimas (das de alegria e das outras). Anos de decisões arriscadas, objectivos ambiciosos: a pressão de não desiludir e de corresponder às familiares expectativas. Anos em que os valores se consolidaram e nos tornámos melhores pessoas, melhores seres humanos, melhores amigos. Anos que, mesmo separados, acabámos por partilhar de alguma forma. Por isso, o nosso café é sempre romântico, triste, melancólico. Também por isso ele tem um sabor especial, ao das coisas boas da vida.
Nem todos os posts deste blog são auto-biográficos, o que equivale a dizer que a minha vida sentimental não é tão interessante quanto parece. No entanto, este post sou mesmo eu (somos mesmo nós) da primeira à última linha, o que equivale a dizer que tenho muita sorte com os Amigos que fui fazendo ao longo da vida.
terça-feira, maio 27, 2008
Contradições
- Gosto de ti cansada, exausta, feliz…
Gosto quando me obrigas a tomar decisões ou me fazes mudar de ideias. Gosto quando me provas que a minha racionalidade não explica tudo e que o mais importante é mesmo inexplicável. Como isto que temos e não temos.
Gosto do brilho dos teus olhos… Ou melhor, gosto das múltiplas expressões do teu olhar. Gosto quando olhas para mim, quando olhas pelos outros e quando os outros reparam em ti.
Gosto quando sorris. Gosto de te ver dormir.
Gosto quando te ris de mim. Gosto da forma como me conheces. Gosto das nossas diferenças, das nossas incompatibilidades, da impossibilidade de te vir a amar. Gosto que não sejas a pessoa certa. Gosto de ter a certeza disso. Gosto de ti como não gosto de mais ninguém.
Não gosto que fiques zangada comigo. Mais ninguém se zanga comigo dessa maneira. Perco o norte e os dias correm-me estupidamente mal. Não sei o que fazer. Não gosto que tenhas razão. Não és a pessoa certa, mas és única para mim…
E tu?
- Eu? Eu… não sei.
Gosto de ti cansado, exausto, feliz…
Gosto quando admites que a razão não explica tudo. Gosto que os meus pressentimentos estejam correctos. Gosto quando me vês dormir.
Gosto quando apontas as soluções possíveis e me garantes que vai ficar tudo bem. Gosto do teu pragmatismo, dos teus pés no chão, das nossas diferenças, das nossas incompatibilidades.
Não gosto de te imaginar nos meus braços. Não gosto de te imaginar nos braços de outras. Custa-me dizer-te isto. Não sei como nunca o fizemos, mas sei que já nos adiámos e ferimos para sempre. Não sei o que é isto que temos e não temos. Mas é muito importante para mim…
Gosto quando me obrigas a tomar decisões ou me fazes mudar de ideias. Gosto quando me provas que a minha racionalidade não explica tudo e que o mais importante é mesmo inexplicável. Como isto que temos e não temos.
Gosto do brilho dos teus olhos… Ou melhor, gosto das múltiplas expressões do teu olhar. Gosto quando olhas para mim, quando olhas pelos outros e quando os outros reparam em ti.
Gosto quando sorris. Gosto de te ver dormir.
Gosto quando te ris de mim. Gosto da forma como me conheces. Gosto das nossas diferenças, das nossas incompatibilidades, da impossibilidade de te vir a amar. Gosto que não sejas a pessoa certa. Gosto de ter a certeza disso. Gosto de ti como não gosto de mais ninguém.
Não gosto que fiques zangada comigo. Mais ninguém se zanga comigo dessa maneira. Perco o norte e os dias correm-me estupidamente mal. Não sei o que fazer. Não gosto que tenhas razão. Não és a pessoa certa, mas és única para mim…
E tu?
- Eu? Eu… não sei.
Gosto de ti cansado, exausto, feliz…
Gosto quando admites que a razão não explica tudo. Gosto que os meus pressentimentos estejam correctos. Gosto quando me vês dormir.
Gosto quando apontas as soluções possíveis e me garantes que vai ficar tudo bem. Gosto do teu pragmatismo, dos teus pés no chão, das nossas diferenças, das nossas incompatibilidades.
Não gosto de te imaginar nos meus braços. Não gosto de te imaginar nos braços de outras. Custa-me dizer-te isto. Não sei como nunca o fizemos, mas sei que já nos adiámos e ferimos para sempre. Não sei o que é isto que temos e não temos. Mas é muito importante para mim…
segunda-feira, maio 12, 2008
Firenze
O dia mais feliz da nossa vida está sempre por vir. O casamento, o nascimento do primeiro filho, a chegada ao primeiro milhão de euros, a presidência da empresa ou o reconhecimento de uma carreira que já se afigurava brilhante.
O grande amor ainda está por viver. A pessoa certa vai esbarrar connosco, num dia de chuva, em que teremos a imediata e inequívoca convicção de a ter encontrado. A teoria é sustentada durante anos, enquanto se vão iniciando (e descartando) relações, sempre com a certeza de que a pessoa certa ainda não foi encontrada.
A nossa cidade é sempre aquela que estamos por conhecer. A viagem de sonho é sempre aquela que ainda não fizemos e que vamos adiando por imperativos vários (nomes politicamente correctos para inércia ou preguiça).
A descrença na existência da tal pessoa certa ou na felicidade suprema alcançada num dia já pré-determinado veio com a idade. Os cabelos brancos trouxeram algumas dúvidas. Os dias pré-determinados são realmente assim tão importantes, tão únicos? A pessoa certa existirá realmente?
A minha cidade, essa sim… existe. Conheci-a num fim de viagem que já contava com tantas memórias quantas a perspectiva mais optimista podia ter configurado.
Na mala levava poucas horas de sono, muitas de comboio e outras tantas de jantares com enérgicas famílias italianas… Personagens que rompiam de um romance que alguém se esqueceu de escrever. Um cozinheiro-advogado-padeiro italiano que escolheu um parque de campismo para jurar amor eterno à sua bella donna, com toda a família como testemunha.
Uma padeira-bibliotecária e um pintor-padeiro-gótico que quiseram perpetuar a tradição da família, sem descurar os seus sonhos. Fazer foccacias é uma arte tão difícil como a de desenhar personagens saídas do Senhor dos Anéis. Ainda assim, o Karma dos intelectuais e artistas é o mesmo nos quatro cantos do mundo: reservam pouco tempo para as actividades mundanas dos comuns mortais, como a de conduzir devagar, sem sair da mesma faixa da estrada.
Um filósofo-voluntário-dono de um bar de uma aldeia perdida nos confins de Itália, onde Angie é tocada ao vivo para quatro transeuntes que poderão nunca mais voltar a passar por ali. O mesmo dono que, todos os anos, vive três a quatro meses em África. Conduz um jipe e tenta fazer o que pode por aqueles que vai encontrando.
Um professor-idealista que, próximo dos sessenta, já viveu, leu e analisou muito daquilo que melhor e pior se vai fazendo por este mundo. De Portugal tinha boas referências: Fernando Pessoa, Saramago, Sérgio Godinho… Fazem parte da biblioteca de alguém que nunca aceitou a imposição de regras.
Com quem partilhei as experiências?
Com uma politóloga-também-idealista-cantora que se sente em casa no bairrismo de Génova, enquanto recusa os circuitos turísticos e me lembra que os bons amigos, uma vez feitos, ficam para sempre.
Com um engenheiro-bom-vivant que sustenta a teoria de que uma boa viagem tem que ser movida a muitos copos, intermináveis horas de conversa e mais visitas a outros amigos, dos tais que, uma vez feitos…
Com outro engenheiro-hiperactivo. O cansaço, os prazeres gastronómicos de Itália e o ano que completa entre três países diferentes desafiam-lhe o pragmatismo que até aí lhe fornecia resposta para tudo. A mim, deixa-me a certeza que a resposta «só amigo» não faz sentido absolutamente nenhum.
Mas ainda haveriam mais surpresas. Às portas do Paraíso, foi fácil perceber que o lugar era meu. As ruas onde passámos eram minhas. As casas eram habitadas por pessoas reais. Uma delas, por uma arquitecta de Roma, que prefere inspirar-se na beleza e qualidade de vida fiorentina. Ir de bicicleta para o trabalho é um luxo que já não dispensa. Como as visitas de um supersticioso namorado napolitano que não gosta de ver garrafas de vinho, azeite ou água partidas no chão. Pelo sim, pelo não, é preferível molhar o dedo e passá-lo pelo pescoço dos que estão por perto.
Que outra cidade no mundo, com uma tão ínfima expressão geográfica, terá tanto para dar? Nunca lidei bem com a chantagem, mas a condição que impõe parece-me justa. Só lhe prometi que voltava assim que pudesse, lamentando não ficar até ser vencida pelo cansaço ou pelas lusitanas saudades. E, se isso nunca chegasse a acontecer? Se a Piazza del Duomo, o Baptistério, o Campanário, o Palazzo Pitti, a Ponte Vecchio, a luz, as casas, o rio… nunca me cansassem? Era uma hipótese. Aceitava, de bom grado, correr o risco. Encontrei-te Firenze…
E é verdade: quando se diz «Amo-te» a alguém, esse amor dura para sempre.
O grande amor ainda está por viver. A pessoa certa vai esbarrar connosco, num dia de chuva, em que teremos a imediata e inequívoca convicção de a ter encontrado. A teoria é sustentada durante anos, enquanto se vão iniciando (e descartando) relações, sempre com a certeza de que a pessoa certa ainda não foi encontrada.
A nossa cidade é sempre aquela que estamos por conhecer. A viagem de sonho é sempre aquela que ainda não fizemos e que vamos adiando por imperativos vários (nomes politicamente correctos para inércia ou preguiça).
A descrença na existência da tal pessoa certa ou na felicidade suprema alcançada num dia já pré-determinado veio com a idade. Os cabelos brancos trouxeram algumas dúvidas. Os dias pré-determinados são realmente assim tão importantes, tão únicos? A pessoa certa existirá realmente?
A minha cidade, essa sim… existe. Conheci-a num fim de viagem que já contava com tantas memórias quantas a perspectiva mais optimista podia ter configurado.
Na mala levava poucas horas de sono, muitas de comboio e outras tantas de jantares com enérgicas famílias italianas… Personagens que rompiam de um romance que alguém se esqueceu de escrever. Um cozinheiro-advogado-padeiro italiano que escolheu um parque de campismo para jurar amor eterno à sua bella donna, com toda a família como testemunha.
Uma padeira-bibliotecária e um pintor-padeiro-gótico que quiseram perpetuar a tradição da família, sem descurar os seus sonhos. Fazer foccacias é uma arte tão difícil como a de desenhar personagens saídas do Senhor dos Anéis. Ainda assim, o Karma dos intelectuais e artistas é o mesmo nos quatro cantos do mundo: reservam pouco tempo para as actividades mundanas dos comuns mortais, como a de conduzir devagar, sem sair da mesma faixa da estrada.
Um filósofo-voluntário-dono de um bar de uma aldeia perdida nos confins de Itália, onde Angie é tocada ao vivo para quatro transeuntes que poderão nunca mais voltar a passar por ali. O mesmo dono que, todos os anos, vive três a quatro meses em África. Conduz um jipe e tenta fazer o que pode por aqueles que vai encontrando.
Um professor-idealista que, próximo dos sessenta, já viveu, leu e analisou muito daquilo que melhor e pior se vai fazendo por este mundo. De Portugal tinha boas referências: Fernando Pessoa, Saramago, Sérgio Godinho… Fazem parte da biblioteca de alguém que nunca aceitou a imposição de regras.
Com quem partilhei as experiências?
Com uma politóloga-também-idealista-cantora que se sente em casa no bairrismo de Génova, enquanto recusa os circuitos turísticos e me lembra que os bons amigos, uma vez feitos, ficam para sempre.
Com um engenheiro-bom-vivant que sustenta a teoria de que uma boa viagem tem que ser movida a muitos copos, intermináveis horas de conversa e mais visitas a outros amigos, dos tais que, uma vez feitos…
Com outro engenheiro-hiperactivo. O cansaço, os prazeres gastronómicos de Itália e o ano que completa entre três países diferentes desafiam-lhe o pragmatismo que até aí lhe fornecia resposta para tudo. A mim, deixa-me a certeza que a resposta «só amigo» não faz sentido absolutamente nenhum.
Mas ainda haveriam mais surpresas. Às portas do Paraíso, foi fácil perceber que o lugar era meu. As ruas onde passámos eram minhas. As casas eram habitadas por pessoas reais. Uma delas, por uma arquitecta de Roma, que prefere inspirar-se na beleza e qualidade de vida fiorentina. Ir de bicicleta para o trabalho é um luxo que já não dispensa. Como as visitas de um supersticioso namorado napolitano que não gosta de ver garrafas de vinho, azeite ou água partidas no chão. Pelo sim, pelo não, é preferível molhar o dedo e passá-lo pelo pescoço dos que estão por perto.
Que outra cidade no mundo, com uma tão ínfima expressão geográfica, terá tanto para dar? Nunca lidei bem com a chantagem, mas a condição que impõe parece-me justa. Só lhe prometi que voltava assim que pudesse, lamentando não ficar até ser vencida pelo cansaço ou pelas lusitanas saudades. E, se isso nunca chegasse a acontecer? Se a Piazza del Duomo, o Baptistério, o Campanário, o Palazzo Pitti, a Ponte Vecchio, a luz, as casas, o rio… nunca me cansassem? Era uma hipótese. Aceitava, de bom grado, correr o risco. Encontrei-te Firenze…
E é verdade: quando se diz «Amo-te» a alguém, esse amor dura para sempre.
quarta-feira, abril 23, 2008
A memória é um diário que regista coisas que nunca aconteceram e não tiveram a mínima possibilidade de acontecer. - Oscar Wilde
E o pior de tudo é que ainda deixa saudade...
Frio na barriga, sorriso (ir)reflectido no espelho.
Vontade de regressar ao que (não) foi vivido e (tão realmente) imaginado
E o pior de tudo é que ainda deixa saudade...
Frio na barriga, sorriso (ir)reflectido no espelho.
Vontade de regressar ao que (não) foi vivido e (tão realmente) imaginado
quarta-feira, março 26, 2008
Porque os meus sonhos te despenteiam
Porque os meus critérios são sempre subjectivos
Porque os meus passos são maiores que as minhas pernas
Porque tropeças nas minhas contradições
Porque os meus ideais te fazem rir
Porque a minha persistência te irrita
Porque aqueles que acreditam são menos e melhores que tu
Porque nos meus olhos ainda entra o mundo
Porque os teus já estão fechados
Porque não é ao contrário
Porque o utópico és tu
Porque és tu que pensas que se pode (sobre)viver ad eternum
Porque és tu que não imaginas
Porque és tu que deliras e não sabes
Porque os meus critérios são sempre subjectivos
Porque os meus passos são maiores que as minhas pernas
Porque tropeças nas minhas contradições
Porque os meus ideais te fazem rir
Porque a minha persistência te irrita
Porque aqueles que acreditam são menos e melhores que tu
Porque nos meus olhos ainda entra o mundo
Porque os teus já estão fechados
Porque não é ao contrário
Porque o utópico és tu
Porque és tu que pensas que se pode (sobre)viver ad eternum
Porque és tu que não imaginas
Porque és tu que deliras e não sabes
terça-feira, março 11, 2008
Perfeito
Não foste um adolescente como os outros, que simplesmente trocou a casa dos pais pela rebeldia e pela inconsequência. A liberdade foi a tua prisão, a tua felicidade, o teu modo de vida. Um dia tiveste coragem e decidiste alimentar quem precisasse com as economias depositadas no banco, queimaste os poucos dólares que te restavam e largaste o carro velho. Saíste, conheceste as melhores e as piores pessoas do mundo, os lugares mais recônditos, os mais belos, os menos e os mais interessantes. Marcaste todos aqueles por que passaste. Não amaste ninguém. Gritaste aos sete ventos que, na vida, o importante não são as relações. Para sermos felizes temos apenas que olhar para aquilo que nos rodeia. Está tudo à nossa frente. O céu, o mar, as montanhas, os rios, os caminhos. Recusaste a gravata, o amor da irmã, a hiper-protecção da mãe, a autoridade do pai. Dispensaste as namoradas, destroçaste corações. Sorriste da ignorância daqueles que sentem medo de estar sozinhos e lhe chamam amor. Aos que conheceram a tua história deixaste uma marca impossível de apagar, uma perturbação que não tem fim, uma angústia que maltrata, uma inveja que corrói. Viveste cada dia como quiseste. Partiste muito cedo. Ou no tempo certo, nunca o saberemos dizer.
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
«Tiraste-me o prazer de estar sozinho...»
A frase, ou a declaração de amor, resume a existência de um caçador apaixonado por África, pela terra, pelas gentes e pela sua liberdade. Denys Finch Hatton vive cada dia como se fosse o último, sem compromissos pessoais, numa terra em que «ninguém é de ninguém».
A baronesa Karen Blixen tem um sentido de propriedade e identidade diferentes. Uma relação apenas faz sentido num casamento e num marido a que pudesse chamar «seu», porque as aparências também contam e a vida nem sempre foi muito justa com as suas pretensões de elevação social.
Geneticamente incompatíveis, oriundos de universos distintos, apaixonam-se e vivem o último (e único) amor das suas vidas. Num filme onde a atenção do espectador se dispersa pelos cenários e pela (sempre fantástica) Meryl Streep, sobressai uma declaração de amor que não precisa de referir a palavra mágica para dizer tudo...
A frase, ou a declaração de amor, resume a existência de um caçador apaixonado por África, pela terra, pelas gentes e pela sua liberdade. Denys Finch Hatton vive cada dia como se fosse o último, sem compromissos pessoais, numa terra em que «ninguém é de ninguém».
A baronesa Karen Blixen tem um sentido de propriedade e identidade diferentes. Uma relação apenas faz sentido num casamento e num marido a que pudesse chamar «seu», porque as aparências também contam e a vida nem sempre foi muito justa com as suas pretensões de elevação social.
Geneticamente incompatíveis, oriundos de universos distintos, apaixonam-se e vivem o último (e único) amor das suas vidas. Num filme onde a atenção do espectador se dispersa pelos cenários e pela (sempre fantástica) Meryl Streep, sobressai uma declaração de amor que não precisa de referir a palavra mágica para dizer tudo...
sexta-feira, janeiro 25, 2008
quarta-feira, janeiro 23, 2008
Heath Ledger
Antes de partir passou uma mensagem importante, a uma América púdica e moralista e a um mundo onde o óbvio parece cada vez mais difícil de entender: é importante que sejamos felizes.
A nossa vida privada só a nós próprios diz respeito.
Não devemos ser discriminados por questões de raça, etnia, idade, sexo, classe social ou preferência sexual.
Será que a repetição constante pode aclarar algumas ideias, abrir algumas mentes?
Obrigada por teres feito a tua parte, por teres cumprido o teu papel.
sábado, janeiro 19, 2008
«Quando tens dúvidas se estás a começar a sentir alguma coisa por alguém é porque já estás a sentir.»
Teoria de uma colega de trabalho, formulada com ar de quem não estava propriamente a prestar atenção ao que dizia, formulada com ar de quem não estava a dissipar tantas dúvidas e questões essenciais.
Teoria de uma colega de trabalho, formulada com ar de quem não estava propriamente a prestar atenção ao que dizia, formulada com ar de quem não estava a dissipar tantas dúvidas e questões essenciais.
segunda-feira, janeiro 14, 2008
quarta-feira, janeiro 09, 2008
quarta-feira, janeiro 02, 2008
Queria escrever-te uma canção que falasse das coisas demasiado perfeitas que vivemos, jamais destinadas a acontecer. O talento para os versos nunca existiu e a musicalidade foi deixada na adolescência, quando ouvíamos U2 e acreditávamos cegamente que With or Without You tinha sido escrita para nós. Para quem mais poderia ter sido?
Perdido o talento, que felizmente Jorge Palma altruisticamente decidiu partilhar connosco, dir-te-ía que já vivemos cem mil anos, sem darmos conta que tinha passado muito mais que um segundo. Sem darmos conta que tantos outros olhares, para além dos nossos, foram trocados.
A estrada há muito chegou ao fim. Terminou num beco sem saída e insistir em bater contra uma parede de espuma pode não magoar, mas só deixa margem para a ilusão.
Perdido o talento para a canção que não vou conseguir escrever, resta-me o pragmatismo, o pessimismo e a consciência. Tom Jobim também nos socorre... triste é saber que ninguém pode viver de ilusão, nunca vai ser, nunca vai dar, um sonhador tem que acordar...
As palavras, dizia o poeta, leva-os o vento e facilmente daremos o dito pelo não dito. Esperanças morrem todos os dias, sem tempos de pausa para reflectir sobre os danos causados.
Os beijos que não trocámos... esses, não consigo tentar anular ou destruir.
Perdido o talento, que felizmente Jorge Palma altruisticamente decidiu partilhar connosco, dir-te-ía que já vivemos cem mil anos, sem darmos conta que tinha passado muito mais que um segundo. Sem darmos conta que tantos outros olhares, para além dos nossos, foram trocados.
A estrada há muito chegou ao fim. Terminou num beco sem saída e insistir em bater contra uma parede de espuma pode não magoar, mas só deixa margem para a ilusão.
Perdido o talento para a canção que não vou conseguir escrever, resta-me o pragmatismo, o pessimismo e a consciência. Tom Jobim também nos socorre... triste é saber que ninguém pode viver de ilusão, nunca vai ser, nunca vai dar, um sonhador tem que acordar...
As palavras, dizia o poeta, leva-os o vento e facilmente daremos o dito pelo não dito. Esperanças morrem todos os dias, sem tempos de pausa para reflectir sobre os danos causados.
Os beijos que não trocámos... esses, não consigo tentar anular ou destruir.
sexta-feira, dezembro 21, 2007
(Vamos passar a noite juntos, ser felizes e amarmo-nos como se fosse a última noite das nossas vidas?)
- Liguei-te para saber se queres tomar café?
- Humm, deixa-me ver…
(Morro se disseres que não.)
- Sempre com uma agenda muito ocupada…
(Quando é que tens tempo para mim?)
- Quando é que tens tempo para estar com os teus amigos?
- Quando mudar de profissão. Hoje tive reuniões até às 10 da noite.
(Foi mesmo isso? Não me atendeste o telefone porque estavas em reuniões?)
- Mas amanhã é sexta.
(Quero estar sozinho contigo, bolas)
- Disseste à Isa e ao Rui?
(Sozinho, qual foi a parte que não percebeste?)
- Sim, mas acho que ela está doente e vão ficar em casa…
- Então podemos deixar para quando ela estiver melhor não?
(E eu? Quando é que eu volto a estar melhor?)
- Tu é que sabes. Tinha pensado num café rápido…
- Está bem. Olha já te contei que tenho saído com o Gustavo?
(…)
- Ele tem sido tão querido. Quando estamos juntos, olha para mim daquela forma, como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo, sabes?
- Sei…
- Há muito tempo que ninguém olhava assim para mim…
- Completamente cega…
- Não percebi, deves estar a ficar sem rede, estás ao soluços…
- Tenho uma chamada em linha.
(Tenho que morrer)
- Tenho que desligar.
- E o café? Ricardo?
- Liguei-te para saber se queres tomar café?
- Humm, deixa-me ver…
(Morro se disseres que não.)
- Sempre com uma agenda muito ocupada…
(Quando é que tens tempo para mim?)
- Quando é que tens tempo para estar com os teus amigos?
- Quando mudar de profissão. Hoje tive reuniões até às 10 da noite.
(Foi mesmo isso? Não me atendeste o telefone porque estavas em reuniões?)
- Mas amanhã é sexta.
(Quero estar sozinho contigo, bolas)
- Disseste à Isa e ao Rui?
(Sozinho, qual foi a parte que não percebeste?)
- Sim, mas acho que ela está doente e vão ficar em casa…
- Então podemos deixar para quando ela estiver melhor não?
(E eu? Quando é que eu volto a estar melhor?)
- Tu é que sabes. Tinha pensado num café rápido…
- Está bem. Olha já te contei que tenho saído com o Gustavo?
(…)
- Ele tem sido tão querido. Quando estamos juntos, olha para mim daquela forma, como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo, sabes?
- Sei…
- Há muito tempo que ninguém olhava assim para mim…
- Completamente cega…
- Não percebi, deves estar a ficar sem rede, estás ao soluços…
- Tenho uma chamada em linha.
(Tenho que morrer)
- Tenho que desligar.
- E o café? Ricardo?
quarta-feira, dezembro 19, 2007
Não gostava particularmente desta época. A família, que sempre teve pouco de tradicional, esgotava-me as energias. Corria de um lado para o outro para agradar a gregos e a troianos, distribuindo sorrisos e abraços, tentando demonstrar a todos que os amo, como se fosse mesmo a última hipótese. Qual equilibrista num trapézio sem rede.
Este ano decidi que não ía ser assim. Este ano terão que saber que realmente vos amo sem estar sempre presente, sem estar sempre a sorrir. Sem desejar Feliz Natal.
Este ano decidi que não ía ser assim. Este ano terão que saber que realmente vos amo sem estar sempre presente, sem estar sempre a sorrir. Sem desejar Feliz Natal.
terça-feira, novembro 20, 2007
Pergunto-me em que pensas quando ouves aquelas músicas, quando a beleza te entra pelos olhos dentro, quando a contemplas sozinho e te apetecia dividir para multiplicar o momento.
Pergunto-me se já demos as mãos sem sabermos. Pergunto-me se estás aí quando escrevo.
Pergunto-me porque não consigo perceber. Pergunto-me porque também não sei em que penso.
Pergunto-me se já demos as mãos sem sabermos. Pergunto-me se estás aí quando escrevo.
Pergunto-me porque não consigo perceber. Pergunto-me porque também não sei em que penso.
segunda-feira, outubro 29, 2007
Ao anoitecer
Completamente às escuras, não só na sala de cinema, mas também nos conhecimentos sobre o filme. Foi assim que comecei a assistir «Ao Anoitecer», sessão recheada de estrelas, com Meryl Streep a ofuscar quase tudo à volta. Meia hora de cena, para relembrar que mais ninguém consegue ter uma presença tão sufocante.
Mas existem outras surpresas, Michael Cunningham, o autor de «As Horas», adaptou o romance de Susan Minot, para sublinhar que poucos homem conhecem tão bem o espírito e a mente femininos.
Uma mulher na fase terminal da vida visita memórias difusas, que partilha com as duas filhas: a loira com a vida perfeita e o pragmatismo das mulheres que sabem o que querem, e a morena que vive um dia de cada vez, numa sucessão de erros e contradições, dúvidas e nostalgias.
Não me entristece o cancro que vai tomando conta de todos os órgãos do corpo, mas uma vida de sentimentos contrariados, que tinham tudo para não ter sido. Uma personalidade demasiado forte, um espírito inconformista e um sentimento de culpa insuportável, ou uma amálgama de características que impossibilitam a felicidade.
Porque existem sentimentos tão perfeitos, que parecem destinados a não acontecer.
Para casa, levo sal nos olhos. A esperança de ainda não ter deitado fora as melhores oportunidades de ser feliz ou o insuportável desejo de não chegar ao fim da vida com aquelas certezas?
Mas existem outras surpresas, Michael Cunningham, o autor de «As Horas», adaptou o romance de Susan Minot, para sublinhar que poucos homem conhecem tão bem o espírito e a mente femininos.
Uma mulher na fase terminal da vida visita memórias difusas, que partilha com as duas filhas: a loira com a vida perfeita e o pragmatismo das mulheres que sabem o que querem, e a morena que vive um dia de cada vez, numa sucessão de erros e contradições, dúvidas e nostalgias.
Não me entristece o cancro que vai tomando conta de todos os órgãos do corpo, mas uma vida de sentimentos contrariados, que tinham tudo para não ter sido. Uma personalidade demasiado forte, um espírito inconformista e um sentimento de culpa insuportável, ou uma amálgama de características que impossibilitam a felicidade.
Porque existem sentimentos tão perfeitos, que parecem destinados a não acontecer.
Para casa, levo sal nos olhos. A esperança de ainda não ter deitado fora as melhores oportunidades de ser feliz ou o insuportável desejo de não chegar ao fim da vida com aquelas certezas?
terça-feira, outubro 23, 2007
Give me the words
In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing
In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that i feel about you
Is beyond words
Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Oh give me the words
Give me the words
That tell me everything
Nouvelle Vague
quarta-feira, outubro 10, 2007
quarta-feira, outubro 03, 2007
2 Dias em Paris
«Ao fim de um certo tempo, preferimos acordar com o espirrar de uma pessoa do que com os beijos de outra».
Tenho saudades tuas. Mas sabemos que sobre elas não adianta falar.
Não tenho saudades do que poderíamos estar a viver neste momento. Também sabemos que já não faria sentido.
Não fomos uma paixão fugaz, não jogámos todos os trunfos na primeira cartada, não apostámos nada. Apesar disso, ambos temos a sensação de desistência, e de perda. «If you give up now who’s gonna loose, which one of us is giving up now of being free?»
Se já nada seria como dantes, como um tempo que passou e que foi só nosso, porque insistimos em esquecer o final, os maus momentos, e seleccionamos apenas os bons? «Porque não foram apenas bons», respondes. E tens razão, mas nunca chegarei a admiti-lo.
Teria sido mais fácil amar-te dois dias em Paris, do que dois anos espalhados pelo mundo. E teria sido tão mais fácil amar-te nesses dois anos do que nas duas vidas que nos propusemos viver.
Na próxima voltaremos a encontrar-nos, tenho a certeza.
Até lá, espero que sejamos felizes, em sintonia e separados para sempre.
Tenho saudades tuas. Mas sabemos que sobre elas não adianta falar.
Não tenho saudades do que poderíamos estar a viver neste momento. Também sabemos que já não faria sentido.
Não fomos uma paixão fugaz, não jogámos todos os trunfos na primeira cartada, não apostámos nada. Apesar disso, ambos temos a sensação de desistência, e de perda. «If you give up now who’s gonna loose, which one of us is giving up now of being free?»
Se já nada seria como dantes, como um tempo que passou e que foi só nosso, porque insistimos em esquecer o final, os maus momentos, e seleccionamos apenas os bons? «Porque não foram apenas bons», respondes. E tens razão, mas nunca chegarei a admiti-lo.
Teria sido mais fácil amar-te dois dias em Paris, do que dois anos espalhados pelo mundo. E teria sido tão mais fácil amar-te nesses dois anos do que nas duas vidas que nos propusemos viver.
Na próxima voltaremos a encontrar-nos, tenho a certeza.
Até lá, espero que sejamos felizes, em sintonia e separados para sempre.
segunda-feira, outubro 01, 2007
Cor de mel
«Quando crescer quero chegar a velho», costumava responder quando lhe faziam a estúpida pergunta do costume. Sempre lhe pareceu estranho que lhe dessem tanta importância, a ele e à irmã, e ninguém prestasse atenção à avó. Senhora de idade, com alguns problemas de memória, que nem sempre recordava o nome das vizinhas. Mas também, que importância podia ter saber os nomes das vizinhas? Todas lhe diziam a mesma coisa: «ai que menino tão lindo, é mesmo a cara do pai, o que queres ser quando fores grande?». Pela falta de originalidade no discurso (e pela falta de coerência, uma vez que Miguel sabia ter sido adoptado) podiam chamar-se todas Anas ou Marias, nomes mais portugueses dos nomes portugueses.
A avó chamava-se Carmelina, que combinava com ela e com os olhos cor do mel. A avó gostava de torradas com pão, manteiga, açúcar e canela. Não gostava de se vestir de preto, discordava de algumas ideias do padre capelão e não chorava nos funerais, dizia apenas «até já», enquanto as outras velhotas carpiam mágoas exageradas, não condizentes com as intrigas e más-línguas anteriores. Depois de mortas, todas as pessoas pareciam virar santas.
A avó era fantástica e original. Tinha sido muito feliz com o avô, que lhe oferecia ramos de flores no dia dos namorados, mesmo depois de terem estado casados 50 anos. Andavam sempre de mão dada. Ele gostava dos seus vestidos coloridos, politicamente incorrectos para uma senhora da sua idade. Não deixou de os vestir, depois de ficar viúva, e porque haveria de o fazer? Foi a forma encontrada para homenagear aquele amor.
Estiveram 50 anos casados, e nunca tiveram uma discussão. A irmã não conseguia namorar 50 dias seguidos com o mesmo rapaz. Mas ninguém parecia entender aquela avó. Devia ser pela originalidade, era uma avó «muito à frente». E Miguel gostava que assim fosse.
A avó chamava-se Carmelina, que combinava com ela e com os olhos cor do mel. A avó gostava de torradas com pão, manteiga, açúcar e canela. Não gostava de se vestir de preto, discordava de algumas ideias do padre capelão e não chorava nos funerais, dizia apenas «até já», enquanto as outras velhotas carpiam mágoas exageradas, não condizentes com as intrigas e más-línguas anteriores. Depois de mortas, todas as pessoas pareciam virar santas.
A avó era fantástica e original. Tinha sido muito feliz com o avô, que lhe oferecia ramos de flores no dia dos namorados, mesmo depois de terem estado casados 50 anos. Andavam sempre de mão dada. Ele gostava dos seus vestidos coloridos, politicamente incorrectos para uma senhora da sua idade. Não deixou de os vestir, depois de ficar viúva, e porque haveria de o fazer? Foi a forma encontrada para homenagear aquele amor.
Estiveram 50 anos casados, e nunca tiveram uma discussão. A irmã não conseguia namorar 50 dias seguidos com o mesmo rapaz. Mas ninguém parecia entender aquela avó. Devia ser pela originalidade, era uma avó «muito à frente». E Miguel gostava que assim fosse.
segunda-feira, setembro 17, 2007
Foste embora mas deixaste saudades. São os amigos com quem não partilho tantos momentos quantos gostaria que mais falta me fazem. E quando escreves e recebo notícias tuas também olho para as mãos e conto o número de amigos que vão durar a vida toda. As linhas já começam a ser mais definidas, e parte da ingenuidade que tiveram já desapareceu, para dar lugar a novas definições. As marcas que estas deixam podem ser confundidas com velhice e descrença, mas para mim são antes consciência e sabedoria (consolo dos que crescem e não podem ser sempre crianças).
A nostalgia e o romantismo já tomam conta de mim, e se não podemos voltar aos bancos do liceu, podemos sempre ter a certeza que lá fomos felizes e que vivemos momentos que ninguém nos pode retirar. Crescemos, rimos, chorámos, discutimos, zangámo-nos e fizemos as pazes. Porque valia sempre a pena fazê-las. Porque éramos especiais e é assim que nos vou recordar sempre.
PS: A clarividência e a partilha de caminhos contigo também me faz falta. Espero-te para cafés virtuais. Beijos grandes, com sabor a serra, da Estrela!
A nostalgia e o romantismo já tomam conta de mim, e se não podemos voltar aos bancos do liceu, podemos sempre ter a certeza que lá fomos felizes e que vivemos momentos que ninguém nos pode retirar. Crescemos, rimos, chorámos, discutimos, zangámo-nos e fizemos as pazes. Porque valia sempre a pena fazê-las. Porque éramos especiais e é assim que nos vou recordar sempre.
PS: A clarividência e a partilha de caminhos contigo também me faz falta. Espero-te para cafés virtuais. Beijos grandes, com sabor a serra, da Estrela!
sexta-feira, setembro 14, 2007
- Envolveres-te com a mulher do teu melhor amigo não foi propriamente a maior prova de amizade da tua parte.
- Eu sei, mas não consegui mesmo evitar.
- Ao menos tentaste?
- Tentei. Mas agora já não há nada a fazer.
- Achas que estás apaixonado?
- Sim...
- Então tens um problema.
- Não tenho problema. nenhum. Vou aproveitar os próximos tempos, e as coisas vão acabar naturalmente, como acabam sempre.
- Ela era mais um desafio, qualquer dia tens outro.
- Exactamente. Qual é o problema? Parece que não me conheces!
- Então e se não estiveres só apaixonado?
- Aí sim... tenho um problema...
- Eu sei, mas não consegui mesmo evitar.
- Ao menos tentaste?
- Tentei. Mas agora já não há nada a fazer.
- Achas que estás apaixonado?
- Sim...
- Então tens um problema.
- Não tenho problema. nenhum. Vou aproveitar os próximos tempos, e as coisas vão acabar naturalmente, como acabam sempre.
- Ela era mais um desafio, qualquer dia tens outro.
- Exactamente. Qual é o problema? Parece que não me conheces!
- Então e se não estiveres só apaixonado?
- Aí sim... tenho um problema...
sexta-feira, setembro 07, 2007
Setembro é mês de reinícios, decisões, nostalgias, despedidas e reencontros. Fim de Verão, início de Outono, a imaginação que viaja e a visita à praia no final do dia, à procura de respostas que o mar teima em trazer, em forma de enigma. Não me esforço por descodificar.
O equilíbrio e os sorrisos começam a cansar. Don’t wake me up when September ends…
O equilíbrio e os sorrisos começam a cansar. Don’t wake me up when September ends…
quarta-feira, agosto 22, 2007
Casablanca
Histórias de amores imperfeitos, num tempo que não está a favor dos amantes.
But the world will always welcome lovers, mesmo que por instantes fugazes. No final das vidas a frustração pode ser uma realidade, mas saberão que trocaram aquele olhar.
Life is not measured by the number of breaths we take, but my the number of moments that take our breath away...
sexta-feira, agosto 10, 2007
Tempo
Sexta-feira, sete da tarde de um dia que não inaugura um fim-de-semana. São as minhas desejadas férias. Uma sensação zen invade-me o corpo e começo a desligar da realidade. Sem recurso a massagens, dispenso as velas e a música chill out.
Tenho tempo. Tempo para deixar o tempo passar devagar.
Por uns dias deixarei de organizar a vida como se de uma agenda se tratasse. Deixarei de estabelecer metas e objectivos. A ideia já me delicia.
Nos próximos dias não vou pensar se estamos bem, se estou melhor contigo ou sem ti. Deixo as decisões para mais tarde e encarrego o destino de nos conduzir: não por fé, mas pela preguiça que me invade, sem que eu lhe ofereça resistência. O amor acontece naturalmente.
Temos tempo. Tempo para viver um amor imperfeito, nem preto, nem branco. Com borboletas na barriga, indecisões, sinais de desespero e dúvidas, que vão adiando o diagnóstico de “caso irremediavelmente perdido”, “incompatibilidade congénita”, ou talvez não. Talvez o diagnóstico não tenha mesmo que ser esse.
Não sei, não quero saber e já não preciso de ter certezas. Só de me sentir bem. E sinto. Entrego-me sabendo que fui vencida e fico feliz com a derrota. Guardamos o relógio e o despertador. Vamos acordar sem ruídos mecânicos, e recordar um refrão de Ella Fitzgerald: Heaven, I’m in heaven…
Partimos de carro abandonando o trânsito, perdemo-nos no caminho que não queremos voltar a encontrar. Viajo e reencontro-me em cada rua, esquina ou praça onde nunca tinha estado. Absorvo com o olhar o verde dos cenários que me rodeiam e não preciso de máquina fotográfica. Invade-me a saudade do momento presente.
Na esplanada saboreio um gelado com tempo para derreter. Não me levanto, porque ainda não recuperei forças para isso. Converso com a senhora do café, sorrio com vontade e não penso em mais nada.
Ao fim da tarde perco-me nas páginas de um livro que escolhi, e que me esperava há tanto tempo. A leitura adiada redobra o prazer: a melhor parte da discussão é o fim, o melhor da distância é o reencontro.
Recupero as energias que me farão voltar, um dia que parece distante. A concretização dos meus sonhos é importante, e depende da vontade massajada nestes dias. Tudo parece mais fácil, mais possível, mais útil. Os sorrisos voltarão a existir. Estávamos todos muito cansados nos últimos dias, esforço-me por acreditar.
Tenho tempo. Tempo para deixar o tempo passar devagar.
Por uns dias deixarei de organizar a vida como se de uma agenda se tratasse. Deixarei de estabelecer metas e objectivos. A ideia já me delicia.
Nos próximos dias não vou pensar se estamos bem, se estou melhor contigo ou sem ti. Deixo as decisões para mais tarde e encarrego o destino de nos conduzir: não por fé, mas pela preguiça que me invade, sem que eu lhe ofereça resistência. O amor acontece naturalmente.
Temos tempo. Tempo para viver um amor imperfeito, nem preto, nem branco. Com borboletas na barriga, indecisões, sinais de desespero e dúvidas, que vão adiando o diagnóstico de “caso irremediavelmente perdido”, “incompatibilidade congénita”, ou talvez não. Talvez o diagnóstico não tenha mesmo que ser esse.
Não sei, não quero saber e já não preciso de ter certezas. Só de me sentir bem. E sinto. Entrego-me sabendo que fui vencida e fico feliz com a derrota. Guardamos o relógio e o despertador. Vamos acordar sem ruídos mecânicos, e recordar um refrão de Ella Fitzgerald: Heaven, I’m in heaven…
Partimos de carro abandonando o trânsito, perdemo-nos no caminho que não queremos voltar a encontrar. Viajo e reencontro-me em cada rua, esquina ou praça onde nunca tinha estado. Absorvo com o olhar o verde dos cenários que me rodeiam e não preciso de máquina fotográfica. Invade-me a saudade do momento presente.
Na esplanada saboreio um gelado com tempo para derreter. Não me levanto, porque ainda não recuperei forças para isso. Converso com a senhora do café, sorrio com vontade e não penso em mais nada.
Ao fim da tarde perco-me nas páginas de um livro que escolhi, e que me esperava há tanto tempo. A leitura adiada redobra o prazer: a melhor parte da discussão é o fim, o melhor da distância é o reencontro.
Recupero as energias que me farão voltar, um dia que parece distante. A concretização dos meus sonhos é importante, e depende da vontade massajada nestes dias. Tudo parece mais fácil, mais possível, mais útil. Os sorrisos voltarão a existir. Estávamos todos muito cansados nos últimos dias, esforço-me por acreditar.
sábado, julho 28, 2007
A versão original é de Frank Sinatra, mas eu sempre achei que uma letra assim devia ser cantada numa versão menos Broadway, mais sussurrada. Diana Krall conseguiu fazê-lo na perfeição...
I have got you, under my skin...
terça-feira, julho 17, 2007
Hoje vou tirar a roupa de executiva, os óculos de bibliotecária e o ar profissional.
Hoje vou vestir o vestido preto, comprido, que adoras e calçar os sapatos de salto alto vermelhos. O meu cabelo vai estar despenteado, com os caracóis em desalinho.
Hoje não vais estar de gravata e depressa vou desmanchar o teu ar diplomático, politicamente correcto. O teu cabelo também vai ser despenteado, por mim.
E depois disso vamos perder a noção do tempo e do mundo lá fora. Vamos ser egocêntricos e felizes, sem pensar no dia de amanhã.
Quando a noite nos espera não precisamos de pensar no dia de amanhã, a não ser que ainda estejamos acordados quando o sol nascer.
Hoje vou vestir o vestido preto, comprido, que adoras e calçar os sapatos de salto alto vermelhos. O meu cabelo vai estar despenteado, com os caracóis em desalinho.
Hoje não vais estar de gravata e depressa vou desmanchar o teu ar diplomático, politicamente correcto. O teu cabelo também vai ser despenteado, por mim.
E depois disso vamos perder a noção do tempo e do mundo lá fora. Vamos ser egocêntricos e felizes, sem pensar no dia de amanhã.
Quando a noite nos espera não precisamos de pensar no dia de amanhã, a não ser que ainda estejamos acordados quando o sol nascer.
domingo, julho 15, 2007
terça-feira, junho 19, 2007
Obrigada
Estrela Viva, Pedro Leitão
Estar convosco é purificante, e parece sempre destinado a acontecer.
Num dia emotivo como o de ontem as pessoas mais especiais fizeram questão de estar presentes. Absorvi todas as palavras, todos os olhares, todos os gestos. Apesar disso, o nervosismo não me deixou agradecer da melhor forma.
Aproveito esta ocasião. Não vos amo desinteressadamente. Preciso de vocês como duma fonte inesgotável de energia, sabedoria e amor, que espero sempre retribuir.
Fazem parte de mim...
Voltar a casa faz-me sempre sentir uma pessoa mais completa.
Estar convosco é purificante, e parece sempre destinado a acontecer.
Num dia emotivo como o de ontem as pessoas mais especiais fizeram questão de estar presentes. Absorvi todas as palavras, todos os olhares, todos os gestos. Apesar disso, o nervosismo não me deixou agradecer da melhor forma.
Aproveito esta ocasião. Não vos amo desinteressadamente. Preciso de vocês como duma fonte inesgotável de energia, sabedoria e amor, que espero sempre retribuir.
Fazem parte de mim...
segunda-feira, junho 18, 2007
Aniversário do Coisas Boas da Vida.
Um ano e 100 posts depois apetece-me partilhar o momento com os leitores deste blog (os mais assíduos, os esporádicos e os que passaram por aqui alguma vez).
Um ano e 100 posts depois vocês continuam a ser uma coisa muito boa da minha vida, como uma lareira acesa no Inverno, um chocolate quente ou um beijo no ombro.
Obrigada pelos comentários, pelo apoio, pelas discussões. Este continuará a ser um espaço zen, romântico, idílico, reivindicativo ou insubordinado, de alguém que não cruza os braços à espera da felicidade. Recuso o sofrimento inútil e tento enfrentar a vida com optimismo, afinal de contas vocês fazem parte dela e, por isso mesmo, sou uma pessoa de sorte.
Um beijo enorme para todos
Deeper
quarta-feira, junho 06, 2007
Assinem, por favor!
Aos meus queridos e estimados leitores (sim, é para vos pedir um favor) peço que assinem a petição "Lisboa feita para todos". Em tempo de campanha eleitoral gostava que este assunto assumisse particular relevância.
Lisboa não é a minha cidade natal mas, aos poucos e em diferentes fases da vida, fui sendo adoptada por ela. Assim, gostaria que os inúmeros problemas de acessibilidade, para pessoas com mobilidade reduzida, começarem a ser resolvidos.
Se para alguns de nós ir ao cinema, ao teatro, a um museu ou restaurante é um programa comum, que pode ser marcado cinco minutos antes da hora, o mesmo não acontece com outras pessoas.
No entanto, se a violação dos direitos humanos dos que nos são próximos não é o suficiente para nos chocar, por estarmos demasiado preocupados com o nosso umbigo, devíamos ainda pensar que os direitos deles poderão um dia vir a ser os nossos.
http://www.petitiononline.com/511abc/petition.html
An Inconvenient Truth
"It is difficult to get a man to understand something when his salary depends on his not understanding it" - Upton Sinclair
5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente. O Centro Comercial Amoreiras promoveu uma acção socialmente responsável e assinalou o dia passando o documentário de Al Gore "Uma Verdade Inconveniente" a um preço convidativo (1,5 euro numa das salas vips).
O peso na consciência é inevitável. Apesar de saber que pouco podemos fazer para obrigar os Estados Unidos e a Austrália a assinar o Protocolo de Quioto, há sempre iniciativas que podemos tomar, salvaguardando o futuro dos nossos filhos. Reciclar, utilizar transportes públicos e lâmpadas ecológicas, poupar água e eleger líderes conscientes da gravidade deste problema são algumas delas. As estações do ano já não existem e o aquecimento global do planeta é uma realidade impossível de negar, mesmo pelos mais inconscientes.
terça-feira, junho 05, 2007
Jogos de Infidelidade
Dois casais em plena crise matrimonial são o mote da história. Pouco original, mas ideal para uma tarde de domingo, ou para qualquer outra hora em que apeteça ir ao cinema e não levar com um filme super interessante, com um enredo todo elaborado e uns actores profundos, divinizados pela crítica.
Gostei e recomendo. Os actores são bons, e não me estou apenas a referir ao facto do David Duchovny ser bom todos os dias, até porque as duas actrizes femininas também estão muito bem. A Julianne Moore mantém o ar distante e misterioso que a caracteriza, típico daquelas pessoas a quem costumam dizer "nunca sei muito bem o que é que estás a pensar, pareces sempre tão serena, e de repente descobrimos que há um turbilhão de emoções aí dentro". (Onde é que eu já ouvi isto?). Maggie Gyllenhall para mim continua a ser a irmã gémea da Kirsten Dunst. Não fosse a Cris e eu estaria para aqui toda baralhada! Felizmente o Coisas Boas da Vida tem leitores assíduos e informados.
De volta ao filme: apesar dos diálogos não serem brilhantes oferecem-nos um sentido de humor que nos faz sentir bem. And if it makes you happy it can't be that bad, já cantava Sheryl Crow numa musiquinha do meu tempo. Eu diria antes If it makes you happy it can only be good.
É o filme ideal para quem tem dúvidas acerca da possiblidade de manter relações estáveis no século XXI. Numa época em que os casamentos são apresentados numa balança que tende muito mais para o lado das desvantagens, torna-se evidente reinventar novas formas de amar. Gostei sobretudo do final, num registo que tranquiliza os que, como eu, descaem perigosamente para o cepticismo (até porque estar a descair não significa obrigatoriamente estatelar-se ao comprido):
I am a Father.
I am a Husband.
And I am in love.
With you!
terça-feira, maio 29, 2007
Spooooooooorting!
"Se jogassem no Inferno, pecava para vos ver jogar" era o slogan dum cartaz, nas bancadas do Estádio Nacional.
Adorei a frase, e reutilizo como homenagem aos meninos que me fizeram sofrer até ao 87º minuto do jogo. Foi mágico! Na bancada os adeptos pediam o merecido golo, confiantes que seria naquele momento.
Ser deste clube é ter um espírito de equipa perfeito: o objectivo não é ser melhor que todos os outros, mas dar sempre o melhor de nós próprios. A intuição das pessoas especiais é mesmo assim: não falha! Só nós sabemos porque escolhemos ficar em casa...
quinta-feira, maio 17, 2007
Passeios de Ninguém
"Sempre foi comum dizer-se que ‘Tempo é Dinheiro’!?. A sabedoria popular tem a característica de ser oportuna, precisa e pertinente. Com apenas três palavras, este velho ditado popular pretende evidenciar que é necessário rentabilizarmos o nosso tempo. Hoje em dia, para além do tempo, começa a haver a necessidade de rentabilizarmos o nosso espaço. Provavelmente, fará sentido começar a dizer-se que ‘Espaço é Dinheiro’!? ou, se optarmos por um dos mecanismos de gestão mais em voga dos últimos tempos, a fusão, poderíamos reinventar o velho ditado e passar a afirmar que ‘Tempo e Espaço são Dinheiro’!?
Serve esta pequena introdução para vos falar sobre os Passeios. Refiro-me aos passeios que temos em Portugal, aqueles que fazem parte da nossa via pública e que existem em todas as nossas cidades, vilas e aldeias. Carinhosamente, vou baptizá-los por ‘os nossos passeios’. Toda este espaço junto, todos esses metros quadrados somados, constituem uma área com uma dimensão a perder de vista e que, na sua essência, não serve para quase-nada!!? É verdade, quase ninguém os usa porque não foram feitos para serem usados pelas pessoas. Um destes dias estava a ver televisão e a minha atenção despertou para um anuncio que dizia, entre outras coisas, que: ‘podem tirar-me o fado, podem tirar-me a visão, podem tirar-me a calçada, podem até tirar-me a fala, mas não me tirem o azeite…’ Só depois percebi, que não era verdade, de facto ninguém queria remover a velha calçada, muito pelo contrário, tratava-se apenas de uma técnica de comunicação que apelava à nostalgia pela positiva.
Serve esta pequena introdução para vos falar sobre os Passeios. Refiro-me aos passeios que temos em Portugal, aqueles que fazem parte da nossa via pública e que existem em todas as nossas cidades, vilas e aldeias. Carinhosamente, vou baptizá-los por ‘os nossos passeios’. Toda este espaço junto, todos esses metros quadrados somados, constituem uma área com uma dimensão a perder de vista e que, na sua essência, não serve para quase-nada!!? É verdade, quase ninguém os usa porque não foram feitos para serem usados pelas pessoas. Um destes dias estava a ver televisão e a minha atenção despertou para um anuncio que dizia, entre outras coisas, que: ‘podem tirar-me o fado, podem tirar-me a visão, podem tirar-me a calçada, podem até tirar-me a fala, mas não me tirem o azeite…’ Só depois percebi, que não era verdade, de facto ninguém queria remover a velha calçada, muito pelo contrário, tratava-se apenas de uma técnica de comunicação que apelava à nostalgia pela positiva.
A tradição da calçada ‘dos nossos passeios’ é, segundo alguns, mais uma das montras vivas representativas da nossa cultura centenária e que devemos manter, no mínimo, por mais mil anos! Eu penso exactamente o contrário. Eu digo com toda a convicção, que ‘os nossos passeios’ são um contribuinte líquido para a exclusão. Excluem quase tudo e quase todos. Diariamente, nos locais mais diversos, todos nós vemos pessoas a caminhar à beira ‘dos nossos passeios’ ou, dito de outra forma, pela beira da estrada. É verdade, as pessoas escolhem, naturalmente, os caminhos que consideram mais adaptados à sua locomoção. Infelizmente, ‘os nossos passeios’ não têm essa característica fundamental. O problema complica-se ainda mais quando pensamos nos cidadãos com mobilidade reduzida, nos pais com os carrinhos de bebés, nas pessoas mais idosas ou mesmo nas mulheres portuguesas que arrisquem o uso de sapatos de salto alto. Por isso os vemos todos os dias a caminhar na estrada, na direcção dos automobilistas, colocando a sua vida, e a dos outros, em risco. Os deficientes motores, que necessitam de se deslocar em cadeiras de rodas, acabam por ser obrigados a converter-se em condutores de ligeiros sem matrícula, muito provavelmente, sem carta para o efeito. Não me lembro de encontrar no novo código da estrada, normas que contemplem esta evidência. Afinal existem mais duas grandes categorias de veículos para além dos pesados e dos ligeiros, a saber, as cadeiras de rodas com motor e as cadeiras de rodas sem motor!
Mesmo assim, quando ‘os nossos passeios’ têm a dimensão adequada, coisa rara, acabamos por encontrar de quase tudo a bloqueá-los: árvores, paragens de autocarro, ecopontos, obras, cabines telefónicas, postes de electricidade, sinais de trânsito, etc. Sei que, no enquadramento das obrigações comunitárias, tudo isto é ilegal mas parece que ninguém está interessado em cumprir ou fazer cumprir as leis. Propositadamente, não me referi aos carros estacionados em cima dos passeios. Esse é um problema que depende apenas do nosso civismo ou da falta dele e, somos nós enquanto cidadãos, que o temos de resolver. Contudo, acredito seriamente, que as Policias e as Entidades Fiscalizadoras poderiam ajudar, se é que não há nenhum exagero neste tipo de pedido! Ainda assim, e no meio de tantos obstáculos, acaba por ser a velha e desadequada ‘calçada portuguesa’o maior dos inimigos. Um contratempo desnecessário e dispendioso. Surgiu no século XIX e é ainda amplamente usada no calçamento em quase todas as cidades. Eu diria que é cada vez mais actual, muito embora já estejamos no século XXI. É um piso geralmente desnivelado, que se baseia em pedras de formato irregular, geralmente de calcário e por vezes pontiagudas, intervaladas com buracos de maior ou menor dimensão. Desnivelado porque na grande maioria dos casos nem se dão ao trabalho de nivelar o terreno e, com muitos buracos, porque também não se dão ao trabalho de os compactar devidamente. É, certamente, um piso excelente para algumas modalidades radicais mas, fica muito aquém de oferecer a segurança e o conforto necessários a quem se atreva a pisá-los sem usar equipamento adequado. As cadeiras de rodas só poderiam circular se os pneus fossem idênticos aos dos tractores uma vez que não existem, ou não conheço, outro tipo de equipamento que seja viável para o efeito. Mas, alguns, são bonitos. Formam padrões decorativos pelo contraste entre as pedras de distintas cores, normalmente, o branco, o preto, o marrom e o vermelho. Bonitos mas inúteis. Não sou nem tenho que ser contra este tipo de Decoração, apenas considero que devem coexistir alternativas ou então, fazê-lo apenas nas grandes praças e nunca nos passeios. Aí sim, podem fazer-se grandes ‘decorações’ para nos elevar o ego. Quem tem responsabilidades nesta área devia olhar para os outros países da Europa e perceber porque é que as pessoas usam, de facto, os passeios!? É fácil, até pela televisão se percebe que os passeios na maioria dos países da comunidade não são como ‘os nossos passeios’, são Passeios a sério. As pessoas usam-nos das mais variadas formas: caminhando, de bicicleta, de patins, etc e os que têm mobilidade reduzida não encontram obstáculos. Criamos tantas comissões neste país que, me atrevo a sugerir, que criem a Comissão de Análise para os Passeios do SecXXI. O trabalho a desenvolver é simples: basta viajar, olhar com atenção e tirar notas. Temos que repensar os Passeios para evitar os erros cometidos e que continuamos a cometer. Vila Nova de Gaia já o começou a fazer. Qualquer um pode deslocar-se pelo passeio marítimo sem qualquer tipo restrições. Na cidade, a maior parte dos passeios são acessíveis e a sensação é boa.
Não uso o ‘Nunca’ nem o ‘Para Sempre’ mas tenho quase a certeza que, tal como não consigo deslocar-me na minha cadeira de rodas em sítios como o Parque das Nações ou na nova Marina de Lagos, também já não será no meu tempo de vida que vou usar a maioria de ‘os nossos passeios’. Lamento e sinto falta. "
Fernando Mota Cardoso
Mesmo assim, quando ‘os nossos passeios’ têm a dimensão adequada, coisa rara, acabamos por encontrar de quase tudo a bloqueá-los: árvores, paragens de autocarro, ecopontos, obras, cabines telefónicas, postes de electricidade, sinais de trânsito, etc. Sei que, no enquadramento das obrigações comunitárias, tudo isto é ilegal mas parece que ninguém está interessado em cumprir ou fazer cumprir as leis. Propositadamente, não me referi aos carros estacionados em cima dos passeios. Esse é um problema que depende apenas do nosso civismo ou da falta dele e, somos nós enquanto cidadãos, que o temos de resolver. Contudo, acredito seriamente, que as Policias e as Entidades Fiscalizadoras poderiam ajudar, se é que não há nenhum exagero neste tipo de pedido! Ainda assim, e no meio de tantos obstáculos, acaba por ser a velha e desadequada ‘calçada portuguesa’o maior dos inimigos. Um contratempo desnecessário e dispendioso. Surgiu no século XIX e é ainda amplamente usada no calçamento em quase todas as cidades. Eu diria que é cada vez mais actual, muito embora já estejamos no século XXI. É um piso geralmente desnivelado, que se baseia em pedras de formato irregular, geralmente de calcário e por vezes pontiagudas, intervaladas com buracos de maior ou menor dimensão. Desnivelado porque na grande maioria dos casos nem se dão ao trabalho de nivelar o terreno e, com muitos buracos, porque também não se dão ao trabalho de os compactar devidamente. É, certamente, um piso excelente para algumas modalidades radicais mas, fica muito aquém de oferecer a segurança e o conforto necessários a quem se atreva a pisá-los sem usar equipamento adequado. As cadeiras de rodas só poderiam circular se os pneus fossem idênticos aos dos tractores uma vez que não existem, ou não conheço, outro tipo de equipamento que seja viável para o efeito. Mas, alguns, são bonitos. Formam padrões decorativos pelo contraste entre as pedras de distintas cores, normalmente, o branco, o preto, o marrom e o vermelho. Bonitos mas inúteis. Não sou nem tenho que ser contra este tipo de Decoração, apenas considero que devem coexistir alternativas ou então, fazê-lo apenas nas grandes praças e nunca nos passeios. Aí sim, podem fazer-se grandes ‘decorações’ para nos elevar o ego. Quem tem responsabilidades nesta área devia olhar para os outros países da Europa e perceber porque é que as pessoas usam, de facto, os passeios!? É fácil, até pela televisão se percebe que os passeios na maioria dos países da comunidade não são como ‘os nossos passeios’, são Passeios a sério. As pessoas usam-nos das mais variadas formas: caminhando, de bicicleta, de patins, etc e os que têm mobilidade reduzida não encontram obstáculos. Criamos tantas comissões neste país que, me atrevo a sugerir, que criem a Comissão de Análise para os Passeios do SecXXI. O trabalho a desenvolver é simples: basta viajar, olhar com atenção e tirar notas. Temos que repensar os Passeios para evitar os erros cometidos e que continuamos a cometer. Vila Nova de Gaia já o começou a fazer. Qualquer um pode deslocar-se pelo passeio marítimo sem qualquer tipo restrições. Na cidade, a maior parte dos passeios são acessíveis e a sensação é boa.
Não uso o ‘Nunca’ nem o ‘Para Sempre’ mas tenho quase a certeza que, tal como não consigo deslocar-me na minha cadeira de rodas em sítios como o Parque das Nações ou na nova Marina de Lagos, também já não será no meu tempo de vida que vou usar a maioria de ‘os nossos passeios’. Lamento e sinto falta. "
Fernando Mota Cardoso
Coisas Muito Boas da Vida: ter tido o privilégio de conhecer-te!